PF prende irmãos donos da Avianca por esquema de corrupção na Transpetro

Subsidiária da Petrobras foi presidida por mais de 11 anos por apadrinhado de Renan Calheiros

Dois mandados de prisão em São Paulo e seis de busca e apreensão em Alagoas e no Rio de Janeiro são cumpridos na manhã desta quarta-feira (19), na 72ª Fase da Operação Lava Jato.

Batizada de “Navegar é preciso”, a operação investiga pagamento de propina no âmbito da Transpetro, subsidiária da Petrobras.

Foram presos os irmãos empresários German Efromovich e Jose Efromovich, donos estaleiro Eisa (Estaleiro Ilha S.A.) e sócios da Avianca Holdings, segunda maior companhia aérea da América Latina, que está em recuperação judicial. A Avianca e a Ocean Air não são citadas na investigação.

A força-tarefa da Lava Jato investiga pagamento de propina a funcionário da estatal pelo estaleiro dos irmãos Eframovich, contratado por R$857 milhões para fornecer navios à Transpetro.

O Ministério Público Federal (MPF) acusa a organização criminosa de fraudar ss licitações pagando propina no valor de R$ 40 milhões a altos executivos da Petrobras e empresas como a Transpetro.

Sérgio Machado com seu padrinho Renan Calheiros.

O ex-senador cearense Sérgio Machado (MDB) foi presidente da Transpetro por mais de 11 anos, por indicação do senador Renan Calheiros (MDB-AL). O político alagoano não é citado na investigação. Investigações indicam que a atuação dos executivos do estaleiro Eisa junto a Sérgio Machado causou prejuízos de mais de R$611 milhões à Transpetro, em razão da entrega irregular de um dos navios Panamax encomendados, da não entrega dos outros três navios, de dívida trabalhista, e de adiantamento de recursos da Transpetro ao Eisa.

As investigações apontam que uma organização criminosa fraudava as licitações pagando propina a altos executivos da Petrobras e empresas a ela relacionadas, como a Transpetro.

Navegando na propina

A PF explicou que o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro funcionava por meio de contratos de compra e venda de navios pela Transpetro com o estaleiro através do Promef, programa do governo federal para a reestruturação da indústria naval brasileira.

A contratação desconsiderou estudos de consultorias que apontavam que o estaleiro não teria as condições técnicas e financeiras adequadas para a construção dos referidos navios.

O pagamento de propina ao então executivo da Transpetro, segundo a PF, teria sido disfarçado através de um contrato falso de investimento em uma empresa estrangeira, que previa o pagamento de uma multa de R$28 milhões, em caso de cancelamento do aporte.

O contrato foi feito entre uma empresa do grupo dos investigados relacionados ao estaleiro e uma empresa ligada ao executivo da Transpetro. A remessa dos valores da vantagem indevida teria sido feita por meio de várias transferências, através de contas bancárias no exterior.