No interior de Goiás, 116 pessoas são resgatadas em trabalho análogo à escravidão
Trabalhadores sofriam com jornada exaustiva e condições degradantes para a produção de cigarros em Água Fria de Goiás
Ao todo 116 pessoas, havia crianças e adolescentes no grupo, foram resgatadas em uma fazenda no interior de Goiás, na zona rural da cidade de Água Fria de Goiás, vítimas de trabalho análogo ao de escravo, na extração de palha de milho, utilizada na produção de cigarros.
Ação que resgatou essas pessoas foi resultado de uma força-tarefa entre a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Defensoria Pública da União (DPU), o Ministério Público do Trabalho (MPT) e os auditores-fiscais do Ministério do Trabalho, iniciada no dia 13 de outubro e os procedimentos de resgate foram concluídos nesta terça-feira (19).
Através de um trabalho de inteligência, para fins de apurar indícios de trabalho escravo no entorno do DF, os órgãos flagraram a condição degradante vivida pelos trabalhadores na atividade de extração de palhas de espigas de milho para a produção de cigarros. Os trabalhadores, oriundos de várias partes do país, foram aliciados nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Maranhão e Piauí.
As investigações apuraram que cada um recebia o valor de R$ 5 por cada quilo de palha extraída e eles tinham que pagar pelas próprias ferramentas de trabalho e vestimentas, como facas, amoladores e botas. A alimentação fornecida também era insuficiente para a atividade desempenhada: apenas duas marmitas por dia com basicamente arroz e um pouco de carne. Muitos trabalhadores relataram trabalhar com fome, pois a jornada de trabalho começava às 5h da manhã, com deslocamento para a fazenda onde era extraída a palha de milho, mas só era fornecida alimentação por volta das 11h. Os trabalhos ocorriam em um longo período de tempo, sem pausa, sem alimentação alguma. No fim de cada dia, eram abrigados em barracas.
Segundo o coordenador da operação, o auditor-fiscal do trabalho Marcelo Campos, “Foi verificada total informalidade nas relações de trabalho, nenhum direito trabalhista era garantido às vítimas”. Além da empregadora, cinco intermediadores ilegais de mão de obra estão envolvidos no crime”.
A empresa responsável foi notificada a formalizar os contratos de trabalho retroativamente e a pagar todos os direitos trabalhistas, que somaram R$ 900 mil. O Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Defensoria Pública da União (DPU) proporão um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a empresa.
Antes de aceitar uma proposta de emprego, as pessoas devem se informar sobre a seriedade da empresa, qual a carga horária e o salário oferecido, bem como se o local de trabalho é adequado. Em caso de denúncia, é possível utilizar o Disque 100, fazer contato com o Ministério Público do Trabalho por meio do site: www.prt2.mpt.mp.br, ou com a PRF pelo 191.