MPT diz que operários mortos em obra do Estado não tinham treinamento

Engemat não seguiu regras de trabalho em espaço confinado

Um laudo inicial elaborado pelo setor de perícias do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Alagoas aponta que a empresa Engenharia de Materias (Engemat) não ofereceu treinamento específico aos trabalhadores que morreram ao tentar desobstruir uma galeria de esgoto na Jatiúca, no dia 27 de janeiro. A informação foi repassada pela procuradora do MPT Eme Carla Carvalho, durante audiência de instrução para apurar o caso, realizada nesta terça-feira (20) sem a presença de representantes da pasta da Infraestrutura do governo de Renan Filho (MDB), contratante da obra.

O Ministério Público do Trabalho aguarda receber os relatórios de análise de acidente de trabalho do Ministério do Trabalho, Corpo de Bombeiros, Instituto de Criminalística e Centro Municipal de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) para dar andamento às investigações. Mas já constatou, inicialmente, que a Engemat não ofereceu às vítimas do acidente a aos demais trabalhadores um treinamento específico para atividades em espaço confinado e deixou de capacitar os empregados para situações de emergência e salvamento, o que afronta a Norma Regulamentadora (NR) 33, do Ministério do Trabalho.

O MPT concedeu prazo de 48 horas para a Engemat comprovar, oficialmente, se a equipe envolvida no acidente recebeu Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). A procuradora Eme Carla Carvalho voltou a afirmar que o objetivo do MPT é apurar as causas do acidente e evitar que casos semelhantes aconteçam. “Iremos atuar no sentido de, primeiramente, investigar as causas do acidente, ver em que ponto as medidas de segurança não foram observadas pela empresa e buscar a correção dessas falhas. Há outros trabalhadores que estarão sendo submetidos ao mesmo risco, e nós queremos coibir a repetição de acidentes”, ressaltou.

Durante a audiência, os representantes da Engemat alegaram que não estavam sendo obrigados a seguir a NR 33 porque consideraram que os trabalhadores vítimas do acidente na galeria não estavam laborando em espaço confinado. Questionada, a empresa não soube informar se os trabalhadores passaram por treinamento específico para a atividade. Adeilson Batista da Silva e Cícero Porto da Silva foram as vítimas fatais do acidente.

A Engemat também informou que uma empresa foi contratada para elaborar um laudo sobre as causas do acidente, e se comprometeu a juntar o relatório pericial no prazo de 15 dias. Segundo os representantes da empresa, as indenizações às famílias das vítimas já estão sendo providenciadas e uma Assistente Social foi contratada para prestar auxílio aos familiares.

No dia 8 de março, às 9h, o Ministério Público do Trabalho volta a realizar nova audiência, desta vez para propor à Engemat e à Secretaria de Estado da Infraestrutura – tomadora do serviço – a assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para evitar outros acidentes. A Seinfra será notificada novamente, já que não participou da audiência nesta terça-feira. (Com informações da Assessoria do MPT)