Ministro culpa proibição de técnica centenária pela extensão do fogo no Pantanal

Salles lamenta que órgãos ambientais não autorizem uso de produto mais eficaz no combate às chamas

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, admite que o incêndio no Pantanal tomou uma “proporção gigantesca”, mas explicou que isso tem a ver com a interrupção do fogo controlado, uma técnica centenária dos agricultores para limpar o pasto e o excesso de mato orgânico.

“Quando você não faz isso, não permite que seja feito, e vem todo aquele incêndio co material orgânico depositado no solo, o incêndio se torna de muito maior proporção”, explicou o  ministro, “para além da questão climática, porque o tempo está seco, com os ventos muito fortes”.

Em entrevista à Rádio Bandeirantes, no Jornal Gente, Salles disse que “o prejuízo é grande” e que o maior impacto atinge todo o conjunto das espécies de seres vivos na região, a biodiversidade.

O ministro do Meio Ambiente ressalta ainda que a resistência ao bloqueador químico de fogo dificulta o combate às chamas:

“Lá fora, nos Estados Unidos, no Japão, na Europa, você vê aqueles aviões despejando bloqueador ou retardante de fogo”, que não se observa no Brasil por questões até ideológicas.

O ministro do Meio Ambiente contou que é “um produto nitrogenado, de composição muito parecida com fertilizante, que faz com que aquele despejamento de água cinco vezes mais eficaz”.

“Apesar das autorizações e dos estudos já feitos, há uma resistência enorme dos órgãos ambientais de autorizar o uso dos bloqueadores, o que acaba sendo contraproducente”, diz ele, porque o trabalho de combate ao incêndio fica muito menos eficaz.

Estima-se que entre 10 e 15% da área do Pantanal já tenha sido devastada pelo incêndio.

A entrevista do ministro do Meio Ambiente foi concedida aos jornalistas Thays Freitas, Pedro Campos e Cláudio Humberto.