Renan Filho insistiu em licitação com sobrepreço de R$50 milhões, denuncia ministro

Ministro desmentiu acusação de que Bolsonaro paralisou obra hídrica e expôs real motivo do entrave

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, rebateu as acusações do governador Renan Filho (MDB) (MDB) de que o governo de Jair Bolsonaro (PL) travou a continuidade das obras do Canal do Sertão, por não ter enviado recursos para a maior projeto hídrico de Alagoas, o Canal do Sertão. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Marinho acusa Renan Filho de insistir para que o Ministério utilizasse uma licitação com sobrepreço de R$ 50 milhões, para a obra poder avançar.

No vídeo em que reconhece a importância do Canal do Sertão para libertar os sertanejos alagoanos da dependência do carro-pipa, Marinho ressalta a importância de esclarecer os fatos, diante das narrativas tratadas como se fossem verdade.

“Ocorre que o governador insistiu com o nosso ministério para que nós déssemos ordem de serviço para a quinta etapa, numa licitação de 2010 que tem seis acórdãos do Tribunal de Contas da União [TCU]. Seis acórdãos. Todos eles mostrando a inviabilidade de se trabalhar essa licitação, porque havia um sobrepreço; ou seja, um preço acima do mercado, na época, de mais de R$ 50 milhões, além de uma série de outras irregularidades”, rebateu o ministro Rogério Marinho.

As falas do ministro decorrem da declaração do governador Renan Filho, dada a um jornalista, ao comentar o fato de o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), apoiar o presidente Bolsonaro. Na ocasião, o governador quis ser irônico, provocando Lira a mostrar quais os investimentos que a aliança rendeu para Alagoas. “Eu nunca vi. O que vejo é parar o Canal do Sertão, porque o Bolsonaro não bota dinheiro [nas obras]”, disse, ao visitar em Água Branca, no Sertão de Alagoas.

“Este governo do presidente Bolsonaro investiu R$ 180 milhões e concluiu a quarta etapa desse Canal, beneficiando que 113 mil alagoanos”, informou o ministro.

Veja o vídeo do ministro, reproduzido no canal do YouTube da Gazetaweb:

‘Ouvidos de mercador’

O ministro ainda expôs três ofícios enviados ao governador Renan Filho, em 2021, nos quais solicitava que o corpo técnico do governo de Alagoas fornecesse ao Ministério os dados para que fosse possível a formalização de m convênio para a execução da quinta etapa do Canal do Sertão. Entre os dados solicitados estavam a apresentação de documentos que comprovassem o andamento da execução dos chamados sistemas derivados para aproveitamento de trechos já executados, em cumprimento dos requisitos exigidos pelo TCU.

“Uma das principais orientações do Tribunal de Contas foi de que o que já estava construído, fosse dado funcionalidade; o seja, funcionasse. Que a água que estava disponível no interior do Estado de Alagoas chegasse às cidades que estão no perímetro do Canal. O governador fez ‘ouvidos de mercador’. Não nos deu as informações necessárias. E, ao longo desses três anos de governo do presidente Bolsonaro, já investimos mais de R$ 90 milhões, e uma séria de obras acessórias, com a ajuda da bancada federal”, disse o ministro, ao citar o presidente da Câmara Arthur Lira e seu pai, ex-senador Arthur Lira.

“É uma pena que o governador não quer que a água chegue na casa da população, dos moradores, do interior de Alagoas”, concluiu o ministro.

Outro lado

O Diário do Poder enviou questionamentos sobre a posição do governador de Alagoas sobre as declarações do ministro. E sua assessoria respondeu que Renan Filho não comenta as falas de Rogério Marinho.

Mas o atual secretário de Infraestrutura, Maurício Quintella, ex-ministro dos Transportes, acusou Marinho de fazer política, com objetivo eleitoreiro com doses de discriminação e perseguição contra Alagoas e os alagoanos. E, depois de afirmar que o governo Bolsonaro “ajudou pouco e atrapalhou muito” a obra do Canal do Sertão, Quintella disse que formalizará representação junto ao TCU, acusando o Ministério de Desenvolvimento Regional de ameaçar suspender obra pública por perseguição política.

Veja o vídeo de Quintella: