Mapa vai expor danos da mineração em Maceió, sem plano de ação pelas vítimas

Documento mostrará áreas de riscos em três bairros, às 10h desta sexta

Mesmo sem um plano de ação pelas vítimas definido, a Prefeitura de Maceió (AL), por meio da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec), confirmou que divulga nesta sexta (07), a partir das 10h, o mapa de riscos para os três bairros com solo danificado pela mineradora Braskem, agora denominado Mapa de Setorização de Danos e de Linhas de Ações Prioritárias.

A divulgação ocorre por força da recomendação do Ministério Público Federal (MPF), antes da finalização do chamado Mapa Operacional para Minimização de Danos, que efetivamente trará o Plano de Ação Integrado com medidas para resguardar a vida de milhares de moradores, bens e instalações nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro. O plano de ação será divulgado até o dia 20 deste mês de junho.

A Prefeitura esclarece que o Mapa de Setorização de Danos e de Linhas de Ações Prioritárias faz parte do Mapa Operacional para Minimização de Danos. E constitui um documento dinâmico, que não apresenta respostas definitivas, mas descreve um cenário sujeito a alterações, de modo que áreas não estabelecidas podem vir a ser inseridas, assim como áreas ora estabelecidas de médio risco podem vir a ser agravadas.

O mapa que será divulgado nesta sexta, ainda está em fase de finalização, e será disponibilizado nos canais de comunicação do Município e pelos mecanismos de interlocução direta com a população maceioense, conforme detalhamento ao final desta matéria. E, simultaneamente à publicação no site da Prefeitura, será encaminhado aos veículos de comunicação via mailing list e por lista de transmissão de WhatsApp da imprensa.

O formato escolhido para a divulgação do mapa foi em arquivo PDF e por meio de animação gráfica, com as respectivas legendas informativas, conforme os danos que afetam cada uma das áreas mapeadas.

O documento foi elaborado por técnicos da Defesa Civil Nacional e da Defesa Civil de Maceió, sob supervisão do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), responsável pelos estudos técnicos que nortearam a configuração das áreas de risco e ofereceram os pressupostos para a tomada de decisões institucionais no que se refere à proteção e salvaguarda da população.

Rachaduras no bairro do Pinheiro evidenciam as consequências do afundamento do solo, em Maceió. Fotos: Abel Galindo e CPRM/Arquivo

Plano de ação pendente

De acordo com o que preceitua a Lei Federal 12.608/2012, a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil assegura auxílio à população de áreas de risco na efetivação de medidas preventivas e protetivas, de modo a salvaguardar as vidas, por meio de ações respectivas de autoproteção, proteção mútua e da proteção institucional.

A fim de cumprir com essa garantia, e considerando o Estado de Calamidade (Decreto Municipal 8.699/ e Portaria Sedec 1.311) em que se encontra a população dos bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro; a Prefeitura, sob a coordenação da Defesa Civil Municipal, em acordo com a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, havia decidido divulgar o Mapa de Risco simultaneamente à divulgação do Plano de Ação Integrado para Maceió, que está em elaboração e propõe respostas de mitigação, restabelecimento e reconstrução, conforme a gravidade da situação de cada área mapeada.

No entanto, em atendimento à Recomendação n° 10/2019, emitida em 30 de maio pela Procuradoria da República em Alagoas (PRAL), que reporta urgência na apresentação do Mapa de Danos, a ser antecedida de plano de divulgação, a Prefeitura de Maceió, representada pela Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil, decidiu pelo acolhimento da proposição nos termos acima estabelecidos, cuja resposta consta em ofício protocolado ontem (5) no MPF.

A Prefeitura esclarece ainda que o Plano de Ações Integradas está sendo elaborado por meio do em câmaras técnicas temáticas e quando concluído, será remetido aos órgãos federais integrantes do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec) para que as ações federais sejam construídas alinhadas com o planejamento municipal, constituindo um documento único para divulgação por meio dos órgãos públicos envolvidos.

O MPF explicou ao Diário do Poder que não optou por esperar para a divulgação do mapa de riscos junto com o plano estratégico de atuação: “Porque se trata de uma demanda dos moradores. Eles estão cientes que o mapa não virá com o plano de ação. Baseado no acesso à informação, já que o mapa já existe mesmo”, disse a assessoria de comunicação do MPF.

Veja o que aconteceu no solo de Maceió, segundo a CPRM:

Calamidade

Na semana passada, o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Alexandre Lucas Alves, reconheceu o estado de calamidade no município de Maceió (AL),decretado em março pelo prefeito Rui Palmeira (PSDB), em decorrência de subsidências e colapsos no solo, causados pela reativação de uma falha geológica adormecida há milhões de anos, por ação da mineradora Braskem.

Em maio, a CPRM divulgou o Mapa de Integração de Processos de Instabilidade do Terreno em Maceió, que serve como base para todos os documentos e mapeamentos elaborados pela Defesa Civil. Leia mais sobre os riscos apontados pelos cientistas.

Veja os canais de divulgação do mapa:

Site da Prefeitura de Maceiówww.maceio.al.gov.br/defesacivil

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A mineradora Braskem diz estar comprometida em busca de solução definitiva para o problema.