Oposição já considera governistas o Republicanos e líder da Frente Evangélica

A liderança da oposição na Câmara dos Deputados está monitorando os votos dos parlamentares que se intitulam contrários ao governo Lula. Para isso elaborou um estudo sistematizado com foco no controle de votos, levando em conta as divergências entre orientações governistas e orientações da oposição, liderada pelo deputado Carlos Jordy (PL-RJ).

O estudo deve se tornar público nos próximos dias, mas já foi acessado pelo Diário do Poder. O percentual mínimo para classificar um parlamentar como ‘de oposição’ foi estabelecido em 70% de divergência com o governo petista.

Um indicativo importante, é que 9 deputados do PL foram intitulados como governistas: Daniel Agrobom (GO), Icaro Valmir (SE), Vinicius Gurgel (PL), Júnior Lourenço (MA), Detinha (MA), Josimar Maranhãozinho (MA), Júnior Mano (CE), Tiririca (SP) e João Carlos Bacelar (BA).

De acordo com o detalhamento, dos 41 deputados federais eleitos pelo Republicanos, partido que no estatuto é conservador, apenas três sustentam votações opostas ao governo na hora de escolher seguir a orientação da bancada de oposição ou da base de Lula no Congresso. Os oposicionistas do Republicanos, segundo o levantamento são: Tenente coronel Zucco (Republicanos-RS), Messias Donato (Republicanos-ES) e Júlio Cesar Ribeiro (Republicanos-DF). O advogado bolsonarista, deputado Paulo Fernando (Republicanos-DF), está classificado como ‘independente’, mas os autores do levantamento fizeram ressalva sobre o caso, dizendo que a suplência restringe a atuação do parlamentar, condicionando grande volume de votações às orientações partidárias, que, por vezes, coincidem com o direcionamento da base do governo.

O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), aparece com um alinhamento de 66,7% do percentual de votações ao governo Lula. A redação pediu manifestação formal do deputado sobre o cenário apontado e aguarda resposta.

O presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), recentemente, falou ao Diário do Poder sobre como classifica o partido. “O Republicanos é e seguirá atuando com independência”, cravou.

Sobre a orientação de voto para a bancada, o dirigente afirmou que “cada pauta e cada projeto serão tratados, discutidos e votados pontualmente” e que descarta fazer a oposição do ‘quanto pior, melhor’. Apesar da declaração do dirigente, a aposição calculou que 67,1% da orientações do partido são uníssonas com o governo.

 Ainda de acordo com o estudo, o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) deu uma guinada: de vice-líder do governo Bolsonaro na última legislatura, passou a ser um parlamentar com 74,5% dos votos alinhados ao governo Lula.

Ao Diário do Poder, o parlamentar também deu declaração recente sobre o estilo de sua oposição: “Não farei a oposição que eu critico, que tanto a esquerda fez durante 4 anos com o presidente Bolsonaro. Eu não posso trocar agora o ‘genocida’ pelo ‘ladrão de nove dedos’, entendeu? Porque eu vou estar fazendo o que eles fizeram”.

Procurado, o vice-líder da oposição na Câmara, deputado  Mauricio Marcon (Pode-RS), comentou o monitoramento dos dados. “Serve para mostrar aos brasileiros os verdadeiros conservadores de direita, que lutam contra um governo chefiado por um ex condenado por corrupção progressista”.

Para ele, deputados com fama de conservadores, mas com uma prática de votos governista “abrem mão de suas convicções para terem acesso as benesses do poder, como emendas e cargos, traindo assim a confiança depositada neles pelos seus eleitores”.