Gastança é a mesma de 2014 com Dilma, diz analista de risco

Para especialista, governo quer gastar muito até o fim das eleições

O cenário econômico atual é comparado pelo cientista político e CEO de Análise de Risco, Leonardo Barreto, ao período conturbado do governo Dilma Rousseff em 2014. Ele destacou que não há perspectiva clara de melhora nas contas públicas diante do déficit registrado em maio, na ordem de R$16 bilhões. Segundo Barreto, “qualquer resposta definitiva sobre uma melhora das contas públicas pelo lado da receita só vai ser dada depois das eleições municipais”.

O analista criticou a postura atual do governo, descrevendo-a como uma tentativa de gerenciar a situação com ‘discurso, com resultados concretos zerados’.Ele explicou que essa estratégia está intimamente ligada ao interesse do PT e do governo na eleição municipal, visando ‘recuperação de força’.

“Não é um cenário novo, se a gente perceber, é a mesma tática de 2014, quando todo mundo já sabia que um ajuste fiscal era necessário, mas ele foi adiado para depois da eleição presidencial de outubro e mesmo depois da posse do novo mandato da presidente Dilma Rousseff. Então, por enquanto, o que a gente vai ter é a manutenção da política atual, mas o governo tentando minimizar os problemas com dois discursos, um para o mercado prometendo um corte de gastos que não vem e outro para a população tentando mostrar alguma independência do sistema financeiro e um discurso político de altiver”, analisou. 

Para o especialista o ‘modus operandi’ do governo só mudaria diante de um ‘motivo de força maior’. “E por motivo de força maior, entende-se dólar. Se a cotação ameaçar pressionar a inflação no curtíssimo prazo, aí o governo pode ser chamado a agir antes do que ele deseja”, destacou.  

Leonardo Barreto, doutor em Ciência Política (UnB) e sócio da I3P Análise. Especialista em pesquisas com autoridades, com mais de 60 estudos sobre o Congresso Nacional. Experiência no atendimento de setores econômicos e mercado financeiro e ex-professor substituto da UnB.