Formar base é tarefa do governo, afirma Marcos Pereira

Presidente do Republicanos conversou com o ‘Diário do Poder’ sobre a posição do seu partido

Presidente do Republicanos, um dos mais relevantes partidos na composição do Congresso Nacional e influenciador direto da pauta de votações da Câmara dos Deputados, o vice-presidente da Casa Baixa, deputado Marcos Pereira (SP) falou ao Diário do Poder sobre ruídos e divergências que cercam o atual status do partido que preside em relação ao governo Lula. “O Republicanos é e seguirá atuando com independência”, cravou.

Sobre a orientação de voto para a bancada, o dirigente afirmou que “cada pauta e cada projeto serão tratados, discutidos e votados pontualmente” e que descarta fazer a oposição do ‘quanto pior, melhor’.

Perguntando sobre o contexto de relacionamento entre governo e parlamento, Pereira disse “a responsabilidade de formar base no Congresso Nacional é do governo. Não o inverso”.

O parlamentar aponta para a dificuldade de articulação do governo Lula em seu primeiro ano de mandato e afirma que não sabe “se o que foi feito até aqui resultará numa base sólida”.

Apesar do cenário heterogêneo e complexo da Câmara, onde a oposição se mostra vibrante, Pereira alega que o Planalto tem boa vontade para formar sua base.

O líder evangélico também respondeu sobre o atual conflito entre Israel e Hamas: “o Brasil deveria adotar uma postura mais firme em assuntos desta natureza”.

DP: Entre membros do Republicanos, sobre a atual configuração do partido, uns afirmam independência, outros alegam dúvida ao dizer que ainda buscarão o senhor para esclarecimentos e manifestações. O Republicanos se faz independente no atual contexto ?

Marcos Pereira: Venho dizendo reiteradas vezes desde o início do atual governo que o Republicanos é e seguirá atuando com independência. Isso significa que temos a liberdade, enquanto partido, de apoiar aquilo que é bom para o Brasil, que esteja em acordo com nosso manifesto político, e rejeitando aquilo que for ruim e que seja contrário ao que acreditamos. Obviamente que nosso partido tem uma conduta colaborativa, não acredita na tese do ‘quanto pior, melhor’ e atuará sempre pautado pelo diálogo permanente e pela moderação. Portanto, cada pauta e cada projeto serão tratados, discutidos e votados pontualmente.

DP: Que avaliação o senhor faz do atual relacionamento entre governo e Congresso. Há coalizão para sustentar a governabilidade ?

Marcos Pereira:  A gente costuma dizer que a responsabilidade de formar base no Congresso Nacional é do governo. Não o inverso. Acredito que o governo teve dificuldade até aqui, mas há indicativos de que está organizando melhor sua articulação com os parlamentares. Não sei dizer se o que foi feito até aqui resultará numa base sólida, mas percebo que há boa vontade.

DP: O senhor apresentou requerimento de moção de repúdio contra o Hamas. Acredita também que o Itamaraty deveria considerar o grupo islâmico como terrorista ?

Marcos Pereira: A diplomacia brasileira adota uma posição de equilíbrio na questão que envolve Israel e Palestina. Ou seja, defende a existência e o reconhecimento de dois estados na região. É importante sempre lembrar que foi decisiva a atuação do diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, como presidente da Assembleia Geral da ONU, em 1947, na criação do Estado de Israel. A ONU, contudo, não reconhece o Hamas como uma organização terrorista, e o Brasil, por tradição, acompanha a opinião da entidade. Eu particularmente discordo deste alinhamento automático e penso que o Brasil deveria adotar uma postura mais firme em assuntos desta natureza. Como defensor do Estado Judeu, entendo que o Hamas, assim como o Hezbollah e outros grupos islâmicos radicais, são sim terroristas e deveriam ser combatidos e dissuadidos pelo mundo livre.