Lira: Aliança do PSDB com Renan em AL fará Garcia perder apoio em SP

Presidente do PSDB de Alagoas foi convidado para ser suplente de Renan Filho na disputa ao Senado

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), reagiu com um ultimato ao PSDB, nesta quinta-feira (9), contra o avanço das articulações de uma aliança que deve levar o presidente do partido tucano em Alagoas, deputado federal Pedro Vilela, a ser suplente da chapa ao Senado encabeçada pelo ex-governador Renan Filho (MDB). O recado foi claro: ou o PSDB cumpre o acordo firmado em Alagoas, ou o Progressistas e o União Brasil abandonam alianças nacionais, principalmente o apoio dos partidos à candidatura de reeleição do governador tucano Rodrigo Garcia, em São Paulo.

“O Progressistas e o União Brasil estão firmes e unidos em fazer cumprir acordos políticos firmados com o PSDB em diversos estados. Quebrar o que foi acordado em AL terá consequências à aliança, principalmente em SP. Na política, o cumprimento de acordo é fundamental à democracia”, escreveu Lira, no Twitter.

“Em acontecendo, o Progressistas e o União Brasil se sentirão alijados na reciprocidade acordada, e deixarão a aliança em São Paulo com o governador Rodrigo Garcia”, completou o presidente da Câmara, no recado enviado em meio à sua agenda na IX Cúpula das Américas, nos Estados Unidos.

O PP e o União Brasil devem migrar para a campanha a governador de São Paulo do ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos).

Deputado federal Pedro Vilela pode ser suplente do pré-candidato a senador Renan Filho, em Alagoas. Foto: Elaine Menke/Câmara dos Deputados

Jacaré e cobra d’água

Arthur Lira ainda exalta a incoerência da aliança do PSDB de Pedro Vilela com o ex-governador Renan Filho e o senador Renan Calheiros, porque o MDB fez oposição ao ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) e ao legado de seu governo em Alagoas. Téo Vilela é tio de Pedro Vilela. E não comentou a aliança.

“Durante oito anos, o senador Renan Calheiros e seu filho Renan Filho criticaram, denunciaram e chamaram de herança maldita o governo de Teo Vilela, do PSDB de AL. Estranho seria ver o PSDB romper o acordo com o PP e o União Brasil de resistência ao Calheirismo no Estado”, criticou Lira.

A movimentação tucana na direção do MDB afeta a composição da chapa do senador Rodrigo Cunha, que deixou o PSDB em abril para se filiar ao União Brasil e ser candidato a governador de Alagoas, tendo como vice da chapa a prima tucana de Arthur Lira, a deputada estadual Jó Pereira (PSDB-AL).

Senador Rodrigo Cunha filiou-se ao União Brasil para ampliar alianças para disputar o cargo de governador de Alagoas. Foto: Pedro França/Agência Senado

Tratou como boato

Ontem, o ex-tucano Rodrigo Cunha demonstrou incredulidade ao ser questionado sobre a aliança articulada entre Pedro Vilela e o clã Calheiros. O pré-candidato a governador pelo União Brasil tratou como boato, ressaltando a amizade com o presidente do PSDB e a postura dos líderes do MDB que viviam afirmando que o ex-governador Renan Filho recebeu uma “herança maldita” do tio de Pedro, o ex-governador Téo Vilela.

“Não faz sentido, hoje, o Pedro Vilela se juntar com essa turma, depois de sete anos e meio deles descendo o pau e falando o mal o tempo todo de um governo, fazendo questão de dizer que era uma turma ultrapassada. Pedro Vilela, além de ser um amigo, tenho certeza de que vai fazer o que a sua história determina”, disse Cunha.

Coerência

Mas Pedro Vilela reagiu hoje às críticas de Arthur Lira, com ironia, afirmando que concorda com o presidente da Câmara sobre o fato de acordos existirem para serem cumpridos. Mas fez mistério ao citar que o União Brasil descumpriu parte do compromisso assumido com o PSDB de Alagoas.

“Concordo Arthur Lira. Acordos existem para serem cumpridos. Você só esqueceu de contar a parte do compromisso assumido pelo União Brasil em relação ao PSDB de Alagoas. Tenho a coerência como uma premissa fundamental na minha vida pública. Prova disso é que sempre fui e continuo filiado ao mesmo partido, o PSDB. Meu lado sempre será o de Alagoas”, reagiu o presidente do PSDB de Alagoas.

O ex-governador Renan Filho também reagiu às declarações de Arthur Lira, chamando o presidente da Câmara de chantagista: “Esse estilo chantagista de Arthur Lira é bem típico da velha política. Não encara a realidade e parte para ameaçar lideranças que já perceberam que seu projeto de poder está derretendo para dar cada vez mais espaço a uma Alagoas que é exemplo no Brasil e só orgulha seu povo”, escreveu o candidato a senador, no Twitter.

Outra novidade na disputa pela vaga do Senado em Alagoas foi confirmada ontem (8), com a desistência do senador Fernando Collor (PTB) da candidatura à reeleição, para sair candidato a governador de Alagoas. Renan Filho é o candidato a senador favorito na disputa.