Brasileira vítima do Hamas diz que não sente segurança em voltar ao país
Em depoimento ao presidente Lula, Rafaela Triestman diz que rezou para morrer rápido no 7 de outubro
A brasileira Rafaela Triestman, de 20 anos, namorada do também brasileiro Hanani Glazer, morto pelo Hamas, deu declaração nesta quarta-feira (21) descrevendo as cenas de horror vividas enquanto vítima do grupo terrorista, durante o atentado ocorrido no dia 7 de outubro de 2023. Ela dirigiu seu depoimento ao presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, e teve a fala repercutida pelo ministro de Relações Exteriores de Israel, Israel Katz.
“Esperei. Ouvi gritos, risadas. O Hamas entrava no nosso bunker, atirava nas pessoas e ria na nossa cara. Gritava na nossa cara, E comemorava na nossa cara. Isso não é um grupo de defesa, é um grupo de terrorismo”, refletiu Rafaela.
A brasileira ainda contou que se escondeu em um Bunker por cerca de cinco horas seguidas, “rezando para ir embora [morrer] mais rápido”. A brasileira afirmou que está sendo ajudada pelo estado israelense ‘em todo o processo de cura’, recebendo remédios e apoio psicológico.
Ela lamentou a situação do Brasil, “país que eu chamo de casa”, mediante a declaração do presidente da República, comparando ações do governo de Benjamin Netanyahu ao Holocausto promovido por Hitler.
Segundo a avaliação da brasileira, palestinos são abraçados por Israel, aceitos e incentivados “a viverem em paz. […] Não tem como chamar isso de genocídio”. A jovem defendeu ainda que Israel perde muitos de seus soldados para que não ocorram ‘causualidades’ contra os palestinos.
Ela afirmou que a família fugiu para o Brasil por considerar o país um lugar seguro, onde não seriam massacrados por serem judeus. Mas que atualmente não sente segurança para pisar em solo brasileiro pelo recorrente apelo antissemita, agora endossado pelo chefe da nação.
Em trecho que chama atenção pelos detalhes da crueldade praticada contra civis judeus, Rafael descreveu a cena de violência em que uma mulher que estava ao seu lado foi estuprada e queimada viva.
“Começamos a ouvir tiros do lado de fora do bunker. Esses tiros vinham do grupo terrorista Hamas, que estava fazendo um ataque em Israel. Nós não tínhamos noção das proporções do que estava acontecendo O Hamas chegou até o nosso bunker, eles atiraram bombas de gás, granadas, entraram no bunker e atiraram em todo mundo que se mexia. Jogaram coquetéis Molotov, fizeram uma fogueira no lugar da porta, onde queimaram pessoas vivas, sequestraram um menino que estava do meu lado, sequestraram uma outra menina que estava do meu lado. Os terroristas a estupraram e depois queimaram ela viva”, descreveu.