Anderson Torres depõe à PF sobre operação da PRF no 2º turno das eleições

Documentos comprovam viagem do ex-ministro da Justiça a Bahia, em voo da FAB, e plano sobre operação nas estradas para impedir votos

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres vai depor à Polícia Federal (PF), nesta segunda-feira, 8, no inquérito que investiga sobre as blitze feitas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições de 2022, em estados e cidades onde Lula da Silva (PT) tinha mais vantagem pelas pesquisas eleitorais e votos do primeiro turno. Na época, o Ministério da Justiça negou as denúncias, assim como a PRF. O depoimento está marcado para às 14h30.

A oitiva anterior foi cancelada a pedido da defesa, que apresentou laudo psiquiátrico de Torres com informações de que ele não teria condições de comparecer. A defesa de Torres também havia solicitado anteriormente um habeas corpus, citando delicado quadro clínico, o que foi negado por Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Torres está preso há quatro meses em um batalhão da Polícia Militar em Brasília no inquérito que investiga os atos de 8 de Janeiro.

Ele recebeu visita de 8 parlamentares neste fim de semana. Segundo eles, Torres não se negará prestar o depoimento.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o depoimento por considerar que o ex-ministro é acompanhado por um médico que informou que os remédios de Torres foram reajustados e que, por isso, ele teria condições de prestar depoimento. Moraes também lembrou que Torres tem o direito de permanecer em silêncio.

Segundo documentos divulgados pela CNN, o então ministro da Justiça do governo Bolsonaro viajou a Bahia em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), seis dias antes do segundo turno das eleições presidenciais, para tratar das operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

A relação nominal mostra que Torres foi acompanhado do secretário-executivo do Ministério da Justiça, Antônio Lorenzo, do diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes, de um assessor especial do gabinete e dois agentes da PF.

No dia 25 de outubro, uma terça-feira da semana pré-eleição, Torres se reuniu com o superintendente da PF na Bahia, delegado Leandro Almada. O encontro A agenda foi solicitada na tarde do dia anterior, conforme despacho de uma assessora. Também participaram da reunião o secretário-executivo do MJ, o diretor-geral da Polícia Federal, e os delegados da PF na Bahia Marcelo Werner e Flávio Marcio Albergaria Silva.

Nessa reunião, Torres teria pedido apoio da PF nos bloqueios que a Polícia Rodoviária Federal faria no segundo turno das eleições presidenciais.

A viagem do então ministro da Justiça ocorreu depois de ele ter obtido um documento, elaborado pela Diretoria de Inteligência do MJ, mostrando em quais municípios Lula teve mais votos no primeiro turno.