J&F tenta usar caso menor para criar precedente na briga contra Paper

Derrotada na arbitragem e Justiça, J&F é acusada de apelar a artifícios

O advogado José Luiz de Oliveira Lima, que atua para a J&F dos irmãos Wesley e Joesley Batista contra a Paper Excellence, no caso Eldorado, adotou a mesma estratégia na briga de um médico contra a empresa de plano de saúde Amil e que também envolve arbitragem.

O médico perdeu a arbitragem para a Amil. Mas sua defesa acusou o árbitro indicado pela Amil, André Deloisio Corrêa, de omitir ter dividido escritório com um ex-advogado da Amil. Este caso é posterior ao da disputa entre a J&F e a Paper.

A Justiça (tanto na primeira como na segunda instância) não viu conflito que justificasse anular o resultado da arbitragem, na qual o médico perdeu para a Amil.

Os advogados do médico usaram contra a Amil a mesma estratégia no caso da disputa bilionária entre a J&F e a Paper pela Eldorado: entraram com queixa-crime numa delegacia contra o árbitro indicado pela Amil, como fizeram contra o árbitro indicado pela Paper.

Documentos mostram que, coincidentemente, o advogado José Luiz de Oliveira Lima, conhecido por Juca, um dos mais requisitados e do País, atuou nos dois casos com a mesma estratégia.

O Diário do Poder entrou em contato com o advogado Juca Oliveira Lima para que se pronunciasse sobre o assunto, mas ele preferiu não comentar, ao menos por enquanto,

Tiro pela culatra

A avaliação nos meios jurídicos é que a defesa da J&F tentou criar um precedente com o caso da Amil para usar na ação que a J&F tenta anular a arbitragem na qual a Paper venceu por unanimidade. Mas a Justiça não anulou arbitragem da Amil.

Juca de Oliveira Lima deixou o caso do médico após a Justiça ignorar o argumento usado contra o árbitro da Amil para anular a arbitragem. Ele substabeleceu o caso para outro escritório de advocacia em 31 de março passado. Mas segue advogando no caso J&F x Paper.

Recentemente, advogados da J&F provocaram inquérito contra a Paper Excellence no 15º distrito policial de SP, alegando serem vítimas de hackers. Essa mesma acusação contra a Paper foi arquivada por falta de provas por outra delegacia de SP, o DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

O detalhe é que o 15º distrito policial é a delegacia em que o escritório de Juca Oliveira Lima fez queixa-crime contra o árbitro indicado pela Amil, na tentativa de reverter a derrota do médico seu cliente. Como se trata da delegacia competente, o mesmo delegado e mesma equipe policial cuidam de ambos os casos.