Guarda-civil é preso por armar emboscada a jovens

Ele confessou ter criado perfis falsos para atrair vítimas

Policiais do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) prenderam na tarde desta quinta-feira, 11, um guarda-civil de Santo André, na Grande São Paulo, suspeito de envolvimento na morte dos cinco jovens da zona leste cujos corpos foram encontrados no domingo, em Mogi das Cruzes, na região metropolitana. Ele seria responsável por armar uma emboscada para atrair os rapazes. Segundo a polícia, o agente confessou a ação.

A armadilha era um perfil falso de garotas em uma rede social, usado para convidar os jovens para uma falsa festa em Ribeirão Pires, outra cidade da Grande São Paulo. O perfil foi retirado do ar pouco depois de os rapazes desaparecerem, em 21 de outubro.

A suspeita dos investigadores era de que o guarda-civil estivesse por trás da criação da página na rede social. “Ele confessou que montou a página para atrair os jovens”, afirmou a delegada Elizabete Ferreira Sato, diretora do DHPP. Ela, no entanto, disse que o guarda negou participação na chacina. “Conseguimos a prisão temporária dele por 30 dias”, disse Elizabete. A prisão do suspeito foi decretada pela Justiça de Mogi das Cruzes. Ele era ouvido pelos policiais até as 23 horas desta quinta.

Ao menos duas outras pessoas estão sendo investigadas sob a suspeita de terem participado do crime. A delegada não confirmou nem descartou se entre eles há algum policial militar. Elizabete disse ainda que a Corregedoria da Guarda Civil Municipal de Santo André colabora com as investigações da Polícia Civil.

Motivo. Um dos jovens assassinados era suspeito de ter participado da morte de um guarda-civil em Santo André. “O crime envolvendo o guarda foi em 24 de setembro e causou grande comoção”, disse a delegada. 

No local em que os corpos foram achados – uma cova rasa em uma área rural -, a perícia técnica encontrou cápsulas de pistola calibre .40 que pertenciam a dois lotes comprados pela Polícia Militar, além de balas de revólver calibre 38 e de espingarda calibre 12.

Os corpos estavam cobertos por cal – quatro das vítimas haviam sido baleadas e uma delas, morta a facadas. Próximo dali, em um sítio frequentado por policiais militares, a Corregedoria da PM encontrou mais balas de calibre .40 e cal.

A descoberta chegou a levantar suspeitas nos investigadores de que alguém estivesse tentando incriminar PMs, que as balas tivessem sido plantadas no local do crime com essa finalidade. A polícia então investigava duas hipóteses: a primeira seguia a pista de uma vingança motivada pela morte do guarda, com a possível participação de policiais, e a segunda, a de um possível acerto de contas ligado ao tráfico de drogas, pois vários dos mortos já haviam sido presos anteriormente pela polícia.

As cinco vítimas foram identificadas pela polícia como sendo Robson Fernandes Donato de Paula, de 16 anos, Caíque Henrique Machado Silva, Jonathan Moreira Ferreira, ambos de 18, Cesar Augusto Gomes da Silva, de 19 anos, e Jonas Ferreira Januário, de 30. Eles desapareceram quando saíam do Parque São Rafael, na zona leste de São Paulo, para a suposta festa.

Enterro. De acordo com o ouvidor da Polícia, Julio Cesar Fernandes Neves, o crime tem “claros sinais de execução”. O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), que vem prestando assistência às famílias das vítimas, informou que os corpos dos jovens deverão ser retirados do Instituto Médico-Legal (IML) nesta sexta e enterrados no sábado.

“Eles conseguiram uma reunião com a superintendência do IML, que dará mais detalhes sobre as perícias”, disse a conselheira do Condepe Cheila Olalla. As famílias pediam a realização de uma perícia independente e a secretaria havia negado essa hipótese. (AE)