Bolsonaro vai depor como testemunha em processo de Silvinei Vasques

Ex diretor da PRF é investigado pela CGU por sua atuação durante as eleições de 2022, que apura improbidade

A Justiça Federal de Santa Catarina decidiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deverá prestar depoimento no processo administrativo que investiga a improbidade do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques.

A determinação, assinada pelo juiz Eduardo Kahler Ribeiro, da 4ª Vara Federal, estabelece que o depoimento deve ser feito de forma oral, ao invés de por escrito.

Essa decisão foi tomada em resposta ao pedido da defesa de Silvinei Vasques, que indicou Bolsonaro como testemunha de defesa, argumentando que um depoimento escrito poderia prejudicar o direito à defesa e ao contraditório. Além do ex-presidente, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres também foi nomeado como testemunha.

Silvinei Vasques está sendo investigado pela Controladoria-Geral da União (CGU) devido à sua atuação na PRF durante as eleições de 2022, quando fez declarações públicas em apoio a Bolsonaro, solicitando votos ao então candidato à reeleição. Essa situação pode resultar na cassação de sua aposentadoria como policial rodoviário federal.

O ex-diretor da PF chegou a presentear Torres com uma camisa que tinha o número 22 escrito nas costas, que é o número de urna de Bolsonaro. A investigação teve início na Corregedoria da própria PRF, mas foi posteriormente transferida à CGU. Além disso, ele está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta interferência da PRF no segundo turno das eleições presidenciais, quando Bolsonaro foi derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Com a justificativa de que era necessário combater o transporte irregular de eleitores, especialmente no Nordeste, onde o petista tem mais apoio, o então chefe da corporação ordenou a realização de blitz em rodovias federais do Nordeste no dia do segundo turno. Segundo as investigações, o objetivo era dificultar o acesso dos eleitores aos locais de votação, o que poderia beneficiar o então presidente.

Por conta desse caso, Silvinei foi preso em agosto de 2023 e liberado um ano depois por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Como medida alternativa, o magistrado determinou que ele deve usar tornozeleira eletrônica, fica proibido de usar redes sociais e de portar armas, além de ter seu passaporte cancelado.