Veja força militar da Guiana e da Venezuela

Em questão de armamento, as Forças Armadas da Venezuela formam uma potência regional bastante considerável, visto que a Guiana possui uma Força de Defesa com 3.400 homens

Venezuela e a Guiana se enfrentam em um conflito territorial por petróleo, após o anúncio do referendo do ditador Nicolás Maduro de querer 75% do território da Guiana. 

Em questão de armamento, as Forças Armadas da Venezuela formam uma potência regional bastante considerável. Segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres (IISS) tem 123 mil militares à disposição para combate, fora um efetivo de milicianos estimado em 220 mil. 

Desde a ascensão do coronel Hugo Chávez (1954-2013) ao poder, em 1998, o direcionamento antiamericano do governo local o levou ao colo de potências rivais dos Estados Unidos, tradicionais parceiros na área de Defesa.

Com isso, o país se viu inundado de material militar russo, como caças avançados, tanques, blindados, obuseiros, rifles de assalto e muito mais com destaque a um sistema antiaéreo em três camadas, defesa de ponto, média e longa distância, de fazer inveja a qualquer país da região. Da China, vieram radares, aviões de treinamento e outros equipamentos.

No entanto, a contínua crise econômica venezuelana coloca em dúvida, entre analistas, a real capacidade de emprego do material bélico. Dificilmente metade da frota de 24 caças Sukhoi Su-30 foi considerada apta para voar. Analistas militares como Ivan Barabanov, que atua em consultorias de Moscou, consideram contudo que há muita propaganda nessa avaliação e lembram que uma disponibilidade de cerca de 50% da frota está dentro de padrões internacionais.

Mesmo com essas incertezas, a Venezuela é gigante comparada com a Guiana. O pequeno país caribeno não tem exatamente uma Forças Armadas, mas sim uma Força de Defesa, semelhante a um dispositivo policial. 

Conta com apenas 3.400 homens, segundo o IISS, e poucos equipamentos contando com os artigos de luxo seis blindados de reconhecimento EE-9 Cascavel, fabricados pela falida brasileira Engesa.

A esperança da Guiana, em caso de emergência militar, reside mais na forte presença de empresas estrangeiras a explorar seus recursos naturais, a americana ExxonMobil à frente, com operação a pleno vapor para extrair petróleo em operação nas águas de Essequibo. Em resumo, que os EUA mandem a cavalaria, por assim dizer.

Mas este é um choque militar que parece atender mais às fantasias da esquerda e da direita radicalizadas da América Latina do que à realidade. Ideias de que os russos, apoiadores da ditadura de Caracas, teriam interesse numa confusão no quintal geopolítico dos EUA, são apenas isso do ponto de vista prático.

Apesar da desigualdade que sugere um passeio sem interferência externa, há outras questões a considerar, de natureza geográfica. Boa parte dos 800 km de fronteira entre Venezuela e Essequibo ficam em um território de selva densa, quase impenetrável senão por pequenas unidades. Operações com blindados, o padrão-ouro para tomadas de territórios, são proibitivas.

A possibilidade mais lógica para o ditador Nicolás Maduro é uma combinação de ataque aerotransportado aos poucos centros urbanos de Essequibo e um desembarque anfíbio pelo Caribe —para tal, conta com talvez cinco C-130H Hércules mais antigos e oito Y-8 chineses, mais recentes, aliados a sete navios de desembarque anfíbio.

Sem ajuda externa, a capacidade guianense de resistir a um ataque é discutível. No mar, contam com meros dois barcos de patrulha costeira, ante uma frota que, se não é poderosa, é muito maior que a do rival, com duas fragatas, um submarino e nove navios de patrulha, segundo o IISS. Isso dito, uma anexação pressupõe o envio de forças de ocupação, um problema adicional.