OEA diz que opositora inelegível do ditador Maduro é ‘insubstituível’
María Corina está proibida de ocupar cargos públicos pelos próximos 15 anos, ficando impedida de concorrer às eleições presidenciais em 2024

A Organização dos Estados Americanos (OEA) publicou uma nota no último domingo (28) criticando a exclusão de María Corina Machado da eleição deste ano na Venezuela. Sendo a principal adversária política de oposição do atual presidente-ditador da Venezuela Nicolás Maduro.
Corina se refere ao governo atual do país como “ditadura” e diz compreender que as últimas ações da autoridade do país “já deixaram claro” que não havia intenção de permitir que “eleições limpas e transparentes” ocorressem no país.
Ademais, citam a liderança da opositora como “insubstituível”, uma vez que “surge das convicções e interesses do povo” e afirmam ainda que seria “patético e repulsivo” caso alguém tentasse ocupar o lugar de Corina.
Ressaltam que não deixarão se manifestar e denunciar “ditaduras e suas autoridades, e nunca abandonará a luta pelo retorno da democracia à Venezuela”. O país venezuelano saiu voluntariamente da organização em 2019.
Desqualificação eleitoral
O Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela anunciou a desqualificação da então candidata à Presidência do país, María Corina Machado, na última sexta-feira (26). O impedimento diz respeito a uma medida anterior da Controladoria-Geral da Venezuela contra a candidata, por conta da falta de inclusão de pagamentos de gratificações alimentares em declaração juramentada de bens.
A decisão surge justamente em meio a uma onda de acusações por parte do Ministério Público da Venezuela contra ativistas e opositores. O porta-voz, Héctor Rodríguez chegou a acusar a oposição pelo suposto planejamento de um golpe de estado e da arquitetura de assassinato do ditador Maduro.
Após a decisão, Corina se pronunciou nas redes sociais e afirmou que a luta continuará.
“O regime decidiu acabar com o Acordo de Barbados. O que NÃO está acabando é a nossa luta pela conquista da democracia através de eleições livres e justas. Maduro e o seu sistema criminoso escolheram o pior caminho para eles: eleições fraudulentas. Isso não vai acontecer. Que ninguém duvide, isso é ATÉ O FIM.”
“Não tive contato com Lula, mas gostaria”
María Corina disse que gostaria de conversar com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva sobre as eleições na Venezuela. Lula já declarou ser amigo do ditador Nicolás Maduro.
“Não tive contato com Lula, mas gostaria de ter”, afirmou a política venezuelana em entrevista para o jornal O Globo, nesta segunda-feira (29).
Devido a decisão do TSJ (Tribunal Supremo de Justiça) da Venezuela, Corina está proibida de ocupar cargos públicos pelos próximos 15 anos, assim fica impedida de concorrer às eleições presidenciais que serão realizadas no 2º semestre de 2024, ainda sem data marcada.
Em outubro de 2023, Corina venceu as eleições primárias da oposição para enfrentar Maduro.
Países da América do Sul, como Argentina, Uruguai, Paraguai e Equador, também condenaram a inelegibilidade da ex-deputada. Já o governo Lula não se pronunciou sobre o caso. Machado disse contar com o apoio da comunidade internacional para a realização de eleições justas na Venezuela.
“O que vai fazer a comunidade internacional? Gostaria de saber isso, depois de todos os compromissos, das declarações públicas, das reuniões, o que vão fazer?”, questionou.
E ainda afirmou ser importante “pressionar o Brasil, e pressionar o presidente Lula, porque ele disse que acredita num processo de transição e na realização de eleições limpas e livres, num ambiente de respeito aos direitos humanos”.