Gujajara pede pressão ao Club de Madrid para manter veto ao Marco temporal

A ministra afirma que aprovar a tese do marco temporal é um retrocesso nos direitos indígenas

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, apelou para que a comunidade internacional  faça pressão para influenciar o Congresso Nacional a manter o veto do presidente Lula ao Marco Temporal das Terras Indígenas.

“Peço o apoio e a manifestação de vocês contra a derrubada dos vetos do presidente Lula sobre o marco temporal”, disse a ministra durante o encontro anual sobre Desenvolvimento Social e Sustentável do Club de Madrid, maior foro de ex-presidentes e ex-primeiros-ministros do mundo, com mais de 100 integrantes de 70 países.

Na abertura do encontro Sônia Guajajara destacou o papel dos povos originários na preservação da biodiversidade, antes de pedir apoio contra a tese do marco temporal. “Avançar e aprovar essa tese é um retrocesso nos direitos indígenas e na proteção dos territórios. Sem a proteção dos territórios, violam-se mais os direitos humanos e fica mais difícil avançar em gestão ambiental e preservação da biodiversidade”, disse a ministra.

Encontro Club de Madrid

O Club de Madrid será realizado até terça-feira (14), no Palácio Itamaraty, em Brasília e reúne centenas de autoridades, diplomatas e especialistas internacionais nas áreas de desenvolvimento social e sustentável.

Outros convidados foram os ex-chefes de estado, como os ex-presidentes do Chile Sebastian Piñera e Michelle Bachellet, que também foram da alta-comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos. Além do ex-presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso que é o homenageado e foi o 1º diretor do Club de Paris.

Um dos principais assuntos tratados no evento foi o meio ambiente e as mudanças climáticas globais. O anfitrião e chanceler Mauro Vieira reforçou mais uma vez que os países ricos são os maiores responsáveis pelas emissões de gases que resultam na crise climática, e que por isso têm o dever de cumprir a promessa de destinar US$100 bilhões para financiar projetos de desenvolvimento sustentável em países mais pobres.

“Não devemos perder de vista que os países ricos são os principais responsáveis pela crise climática atual. Esses países deveriam cumprir a promessa de contribuir conjuntamente com US$100 bilhões anuais para o financiamento, a formação e a transferência de tecnologia relacionada com a preservação ambiental nos países em desenvolvimento”, afirmou Vieira. 

O presidente Lula em agosto deste ano, cobrou os países ricos de não ter cumprido uma promessa feita em 2009 de financiar com RS$100 bilhões anuais projetos sustentáveis em países em desenvolvimento, incluindo iniciativas na Amazônia.