Embaixador afirma que o Brasil não tem interesse em conflito entre Venezuela e Guiana
O embaixador brasileiro, Pedro Luiz Rodrigues, analisou o referendo que será proposto pela Venezuela para anexar parte do território da Guiana
O embaixador brasileiro, Pedro Luiz Rodrigues, analisou o referendo que será proposto pela Venezuela para anexar parte do território da Guiana e afirmou que “Independente do que se decidir eu acho que essa é uma questão que tem que ser levada para a OEA (Organização dos Estados Americanos) para uma decisão definitiva”.
O interesse do ditador Nicolás Maduro no território da Guiana, é por ser rico em petróleo. A Venezuela vai promover um referendo em 3 de dezembro, no qual perguntará a seus cidadãos se apoiam a concessão da nacionalidade venezuelana aos 125 mil habitantes de Essequibo, região de 160 mil km², rica em petróleo, pela qual o país mantém um litígio com a vizinha Guiana. A consulta popular também vai decidir sobre a criação de uma nova província venezuelana chamada “Guiana Essequiba”.
A Guiana vê essa iniciativa como uma “ameaça” e uma violação das “leis internacionais”.
Segundo o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, o “Brasil fez uma exortação como todos os outros países vizinhos para o entendimento para a discussão diplomática e para a solução pacífica das controvérsias”. Vieira disse que aconselhou a Venezuela com base na relação diplomática que o Brasil teve com os vizinhos. “Nós mesmos tivemos nove questões de fronteira com os países do nossos vizinhos,nós temos 10 vizinhos e tivemos questões e negociações com nove países diferentes com todos eles e resolvemos as nossas diferenças de Fronteira e as nossas diferenças territoriais através da negociação e sempre fomos respeitosos dos acordos atingidos então foi esse o nosso testemunho”
E alega que o Brasil estimulou a melhor forma de tratar o conflito territorial, “tratando as controvérsias sempre dirimidas por negociações, por entendimentos, por arbitragem e por recurso a tribunais internacionais como a corte da Haia sempre que possível. E que isso é o ideal”.
O embaixador Pedro Luiz diz que a única maneira de frear a invasão da Venezuela é usando um poder maior que o do país, como utilizar as Forças Armadas ou dissuadir o país. E que caso a Organização das Nações Unidas (ONU) ou a OEA queira fazer essa advertência ao nosso vizinho precisa “estar preparado para conter a invasão de uma maneira efetiva”.
Ainda diz que o Brasil deveria utilizar do seu poder de articulação para impedir esse conflito, como ocorreu em 1960, quando a Venezuela pretendia atacar pela primeira vez a Guiana.
“Faz uso da capacidade de articulação para vir influir na sua região, não interessa ao Brasil nem sequer o anúncio ou a ideia de um possível conflito. Então eu acho que esse deveria ser um tema já da nossa diplomacia de vamos começar a articular para evitar esse conflito”.
O embaixador afirma que o Brasil não tem interesse nenhum nesse conflito e espera que o Assessor-Chefe da Assessoria Especial do Presidente da República Celso Amorim tenha declarado ao ditador Nicolás Maduro que o “Brasil não aceitará uma ação militar venezuelana aqui na América do Sul”.
“Eu acho que a inquietação nas fronteiras é sempre indesejada porque nós temos as fronteiras definidas por acordos já centenários. Mas o que eu quero dizer é que não interessa ao Brasil ter tensões nas fronteiras é uma questão resolvida para nós e se você começa a puxar um fiapo de um lado sabe Deus o que pode vir. Então está tudo certo, está bom e está resolvido os tratados e ninguém questiona a sua validade”, explica o embaixador.