População rejeita aumento de impostos sobre alimentos e bebidas, diz pesquisa

Estudo do Instituto de Pesquisa de Reputação e Imagem mostra que 86% dos brasileiros rejeitam o aumento de impostos

Às margens da votação da reforma tributária na Câmara dos Deputados, uma pesquisa do Instituto de Pesquisa de Reputação e Imagem (IPRI) aponta que 86% dos brasileiros rejeitam o aumento de impostos, além de 85% serem favoráveis à redução da atual carga tributária sobre todos os alimentos.

O levantamento mostra ainda que 77% da população brasileira considera a quantidade atual de impostos sobre a comida alta ou muito alta. Os dados foram encomendados pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA).

“A população brasileira confirma, por meio dessa pesquisa, o que vimos falando há anos. O preço da comida precisa ser mais acessível, especialmente em um país onde a insegurança alimentar atinge 33 milhões de pessoas. E estamos falando de comida de todos os tipos, pois todas têm valor nutricional e fazem parte do prato dos brasileiros. Entendemos que o texto da Reforma Tributária reconhece a relevância dos alimentos para a população brasileira. E avaliamos que essa é uma grande oportunidade para os nossos parlamentares atenderem o pleito da população, possibilitando maior acesso ao alimento a todos os cidadãos brasileiros”, propõe João Dornellas, presidente executivo da ABIA.

Para 90% dos brasileiros, a possibilidade de um imposto seletivo sobre determinadas categorias de alimentos, baseada em premissas controversas que as classificam como “não saudáveis”, desagrada.

Segundo Dornellas, a determinação da qualidade do alimento é a composição nutricional, e não a quantidade de ingredientes.

“Um alimento pode ser mais ou menos nutritivo, tendo ele sido processado ou não. Portanto, aumentar a carga tributária sobre determinados alimentos não resolverá qualquer questão referente à saúde da população. Só fará a comida chegar mais cara na mesa dos brasileiros, prejudicando, sobretudo, os mais vulneráveis”, disse.

Ainda segundo o levantamento, a insegurança alimentar é o principal prejuízo registrado pela opinião pública no debate sobre imposto seletivo sobre algumas categorias de alimentos. Quase 7 em cada 10 brasileiros acreditam que o número de pessoas passando fome no país subiria caso a medida fosse aprovada no Congresso Nacional.

Atualmente, a média da carga tributária brasileira sobre alimentos industrializados é de 24,4%. Já nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), essa média é de 7%.

Considerando os perfis de renda familiar, a pesquisa indica que 89% dos brasileiros que ganham até um salário mínimo são contra o aumento de impostos de maneira geral – até dois salários, o índice é de 86%. Essa rejeição sobe para 91% e 92%, respectivamente, quando o assunto é aumento de tributos para determinados grupos de alimentos e bebidas via imposto seletivo.

“De acordo com o IBGE, 70% dos trabalhadores brasileiros ganham até dois salários mínimos e esse grupo compromete quase 30% da sua renda com gastos com a alimentação. Diante do cenário de insegurança alimentar no país, não podemos aceitar o aumento de carga tributária sobre qualquer tipo de alimento. Sobretaxar qualquer grupo de alimentos elevaria o custo geral da comida no Brasil”, afirma Dornellas.

A pesquisa foi conduzida com metodologia face-a-face, que entrevistou uma amostra de 2.015 pessoas, controlada para representar a distribuição populacional do país de acordo com o sexo, idade, região, escolaridade, condição do município e renda. Trata-se da mesma estratégia de uma pesquisa eleitoral presidencial, com margem de erro de 2 pontos percentuais e intervalo de confiança de 95%.