‘Preço do suíno deve ficar aquecido até o fim do ano’, aponta especialista

Cenário externo tem sido favorável para o aumento dos preços

O presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), Valdomiro Ferreira Junior, afirma que o cenário de preço do suíno deve se manter aquecido até o final do ano.

Valdomiro comentou que a Bolsa de Suínos Paulista, realizada na quinta-feira (24), elevou o preço pago pela arroba suína para R$ 180,00, o equivalente a R$ 9,60 o quilo, com uma alta de 3,45% frente à semana passada.

“Entre a lei da oferta e demanda, o mercado é soberano. Havia uma expectativa de retomada da oferta, mas tivemos uma das piores semanas no ano nessa questão, o que levou vários frigoríficos a deixarem de abater animais por falta de matéria-prima”, declarou em entrevista à Safras News durante a PorkExpo Brasil & LATAM 2024, em Foz do Iguaçu (PR).

O cenário externo tem sido favorável para o aumento dos preços, com uma previsão de embarques de 130 mil toneladas em outubro, próximo das 138 mil toneladas exportadas em julho. Com o câmbio a R$ 5,70, é mais vantajoso para a indústria exportar do que vender no mercado interno.

Ferreira observa que, idealmente, o preço da arroba suína deveria ser 75% do valor da arroba bovina, cerca de R$ 240,00. No entanto, atualmente, a arroba suína corresponde a aproximadamente 60% do valor da arroba bovina.

Devido ao momento atual, os frigoríficos devem ajustar a tabela de preços para R$ 14,50 por quilo da carcaça na próxima semana.

A grande questão para Valdomiro é como o mercado se comportará a partir de 2025. Com o atraso no milho, o preço pode superar as expectativas, dependendo das chuvas.

Se as precipitações ocorrerem antes, os preços do milho devem se manter nos níveis atuais. Para a soja, é necessário aguardar os dados de safra dos EUA, que podem indicar uma queda nos preços. Ferreira afirma que não haverá falta de grãos.

Devido às incertezas sobre o mercado spot em fevereiro, os produtores decidiram comprar farelo de soja para novembro e dezembro, deixando janeiro em aberto.

No caso do milho, o aumento rápido dos preços impediu compras antecipadas. Atualmente, o preço do milho está em torno de R$ 75,00 por saca.

Para o próximo ano, o especialista destaca que é preciso estar atento às questões sanitárias, pois o setor ficará mais dependente das exportações, que poderão representar de 28% a 30% da produção prevista.

Ferreira revela que a orientação aos produtores é, primeiramente, aproveitando o preço melhor, colocar as contas em dia ao invés de investir em compras para a renovação dos planteis.

“Melhorias nas fábricas de ração são bem-vindas, mas é preciso manter a cautela pelo menos até o primeiro trimestre do próximo ano, quando já se terá uma ideia de como vai se comportar o mercado em âmbito interno e externo”, conclui.