Deputados mineiros criticam Museu do Sexo das Putas e apelam a Bolsonaro

Obra em prédio tombado reunirá acervo sobre profissionais do sexo em BH

A Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) fez críticas e visitou, nesta terça-feira (2), a obra de restauração e intervenção num antigo casarão para a construção do futuro Museu do Sexo das Putas, em Belo Horizonte (MG). Placas indicam que o projeto foi organizado pela Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig) e autorizado, em 27 de agosto do ano passado, pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural e pela Fundação Municipal de Cultura, pela Diretoria de Patrimônio Cultural e pelo Departamento de Gestão e Monitoramento da prefeitura da capital mineira.

O imóvel com fachada danificada fica na rua Guaicurus, zona boêmia no Centro de BH, e deve abrigar um acervo sobre a história das profissionais do sexo na capital mineira. Mas a indignação dos deputados com a possibilidade de participação de dinheiro público na obra levou parlamentares a aprovar o envio do vídeo e de pedido de providências para o presidente da República Jair Bolsonaro (PSL), para a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e para a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público do MP de Minas Gerais.

Os deputados ainda aprovaram pedido de informações ao prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), ao secretário Municipal de Cultura, Juca Ferreira, e aos vereadores da cidade. Os parlamentares indagam sobre a existência de aporte financeiro, ordem de serviço ou convênio para reforma e revitalização do casarão para instalação do museu.

O Sargento Rodrigues (PTB-MG), presidente da Comissão de Segurança Pública da ALMG, se revoltou com a notícia e disse aguardar uma posição das autoridades. “Com tanta coisa a ser feita no município, é inadmissível usar o dinheiro público para uma obra dessas. Esperamos uma resposta sobre se há dinheiro público ou trabalho de servidor público envolvido”, disse o parlamentar petebista.

Além de Rodrigues, o deputado Gustavo Santana (PR-MG) e o vereador Jair di Gregório (PP-MG) também visitaram o local da obra. O deputado João Leite (PSDB) também questionou o projeto, afirmando que a existência de um museu dessa natureza exalta um “local usado para a exploração de mulheres e crianças pelo sexo”. “Não há nada de progressivo nisso”, criticou Leite.

Sem dinheiro público

Ao ser questionada pelo Diário do Poder sobre qual seria a participação do Município de Belo Horizonte, seja com recursos públicos ou convênio e apoio institucional, no projeto que vai recuperar o citado bem tombado para abrigar o Museu do Sexo das Putas, a reportagem obteve da Prefeitura de Belo Horizonte a seguinte informação: “A placa da diretoria de patrimônio indica apenas que o projeto de reforma de um bem tombado passou pela aprovação do Conselho Municipal de Patrimônio, não indicando qualquer gasto de dinheiro público com as obras da reforma”.

Para o site Os Novos Inconfidentes, da jornalista Raquel Faria, a presidente da Aspromig, Cida Vieira, disse que acionará a Justiça contra os deputados Sargento Rodrigues e Jair di Gregório, acusando-se de difamações contra o museu e de propagar mentiras, ao dizer que houve gasto público na obra.

“Quero que eles venham até a mim com as notas fiscais desses gastos. Não sei se eles sabem, mas no local está previsto ter biblioteca e ser um espaço importante para a história da cidade”, argumentou a presidente da associação mineira das prostitutas. (Com informações da ALMG e Os Novos Inconfidentes)