Delegado diz que há guerra entre PCDF e PMDF e ameaça prender policiais
Caso aconteceu no Riacho Fundo, durante prisão de um traficante
Um documento elaborado pelo 28 Batalhão de Polícia Militar, do Riacho Fundo, denunciando a conduta de policiais civis e do delegado de plantão da 29 Delegacia da Polícia Civil, está sendo apurado pelo Ministério Público. De acordo com o texto, assinado pelo tenente Rodrigo Teixeira, coordenador de policiamento, o delegado Sérgio Bautzer disse aos policiais militares que está em guerra entre PCDF e PMDF e que se algum PM da inteligência entrasse no local seria preso por usurpação de função.
O fato ocorreu na noite desta terça-feira (30), entre 18h e meia-noite, quando um homem preso por tráfico de drogas foi apresentado na DP e os policiais civis teriam se recusado a receber o detido no horário, apenas duas horas depois na troca de plantão. Durante esse intervalo, os PMs também dizem que os policiais civis negaram copo d'água.
O preso foi recebido apenas meia-noite e o caso foi rebatido ao delegado plantonista Sérgio Bautzer. Aos policiais, Bautzer disse que há uma guerra instalada entre Polícia Militar e Polícia Civil e que se algum PM da inteligência (serviço velado) entrasse na DP seria preso.
As defesas
Ao Diário do Poder, Bautzer disse que não comentaria as declarações, para que procurasse a Divisão de Comunicação da PCDF. Em nota, a Divicom informou que a Corregedoria da PCDF vai apurar a conduta dos envolvidos.
No texto, a PCDF explicou que o flagrante não foi apreciado de imediato porque outro flagrante estava em andamento, com o respectivo auto sendo presidido pelo delegado. Quando a equipe da Polícia Militar chegou à 29ª DP, outros cinco autos de prisão já haviam sido lavrados, segundo a nota.
Sobre a prisão de policiais, a PCDF disse que a menção foi realizada em conversa reservada entre o delegado e um oficial da PM, que não é a manifestação formal da Polícia Civil do Distrito Federal. Sobre a negativa na água, a Polícia Civil diz que o policial militar se recusou a usar o bebedouro que fica na área externa do plantão, alegando que os policiais civis não trocavam o filtro, e quis entrar na delegacia para usar o filtro da copa, o que não foi permitido, já que o delegado ainda não havia chamado o PM para ser ouvido no APF.
A Associação dos Oficiais da PMDF (Asof) divulgou nota de repúdio contra a situação, onde repudia veementemente "o tratamento dispensado a uma equipe de policiais militares de serviço". "Solicitaremos audiência com o comandante-Geral da PMDF para fins de adoção imediata do Termo Circunstanciado de Ocorrência, sobretudo, se considerado o elevado percentual de crimes dessa natureza", diz a nota da Asof.
O Sindicato dos Delegados (Sindepo) divulgou nota e disse que não existe orientação para prender PM da Inteligência. "A PCDF sempre foi uma polícia republicana e de Estado". Os Sindicatos dos Policiais Civis (Sinpol) ainda não se pronunciou.