Mina em Maceió já afundou 1,69m: alerta máximo de colapso

Poço de extração de sal-gema é um dos 35 escavados pela Braskem, que destruiu cinco bairros e fez 60 mil vítimas

Prossegue neste domingo (3) a apreensão da população de Maceió pela expectativa do colapso da mina nº 18 escavada pela Braskem para extração de sal-gema. Em nota divulgada nesta manhã, a Defesa Civil Municipal informou que mantém alerta máximo e que o poço de mineração localizado no bairro do Mutange acumula um afundamento de 1,69m, com velocidade vertical de 0,7cm por hora.

A mina que movimentou mais 10,8cm em últimas 24h deve formar uma dolina, uma cratera ainda sem dimensões definidas com base científica.

Com maior parte de sua área localizada dentro da Lagoa Mundaú, a mina deverá ser inundada com as águas, material sólido, e parte da flora e da fauna marinha da laguna que inspirou o nome do estado de Alagoas. Perspectiva com efeitos ainda não dimensionados objetivamente, mas que deve ampliar o crime ambiental que já destruiu os bairros do Mutange, Pinheiro, Bebedouro, Bom Parto e parte do Farol, de onde foram evacuadas cerca de 60 mil pessoas, forçadas a deixar suas casas e empresas. A posição da Braskem está no final desta matéria.

O Diário do Poder corrigiu esta matéria, atualizada após a Prefeitura de Maceió desmentir a informação amplamente divulgada pela imprensa, atribuída à Defesa Civil de Alagoas, de que o processo de colapso da mina 18 de extração sal-gema da Braskem poderia abrir uma cratera com 150 metros de raio, com potencial de engolir um estádio do tamanho do Maracanã. ” A informação é especulação e não tem base científica”, informou a Prefeitura.

Veja a nota da Defesa Civil, publicada às 9h:

A Defesa Civil de Maceió informa que o deslocamento vertical acumulado da mina n° 18 é de 1,69m e a velocidade vertical permanece de 0,7cm por hora, apresentando um movimento de 10,8cm nas últimas 24h.

O órgão permanece em ALERTA MÁXIMO devido ao risco iminente de colapso da mina nº 18, que está na região do antigo campo do CSA, no Mutange.

Por precaução, a recomendação é clara: a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo.

A equipe de análise da Defesa Civil ressalta que essas informações são baseadas em dados contínuos, incluindo análises sísmicas.

Posição da Braskem

Às 13h desse sábado (2), a Braskem emitiu o seguinte posicionamento sobre a situação que causou em Maceió:

A área de risco do mapa definido pela Defesa Civil municipal está 100% desocupada. Os moradores de 23 imóveis que ainda resistiam em permanecer nessa área de risco foram realocados pela Defesa Civil, por determinação judicial.

Importante lembrar que a área de resguardo no bairro do Mutange onde fica a mina 18, cuja realocação preventiva foi iniciada pela Braskem em dezembro de 2019, está desocupada, sem nenhuma pessoa residindo na região desde abril de 2020.

Os dados atuais de monitoramento demonstram que a acomodação do solo segue concentrada na área dessa mina e que essa acomodação poderá se desenvolver de duas maneiras: um cenário é o de acomodação gradual até a estabilização; o segundo é o de uma possível acomodação abrupta. Todos os dados colhidos estão sendo compartilhados em tempo real com as autoridades, com quem a Braskem vem trabalhando em estreita colaboração.

A Braskem continua mobilizada e monitorando a situação da mina 18, localizada no bairro do Mutange.

SITUAÇÃO DAS CAVIDADES

A extração de sal-gema em Maceió foi totalmente encerrada em maio de 2019, e a Braskem vem adotando as medidas para o fechamento definitivo dos poços de sal, conforme plano apresentado às autoridades e aprovado pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Esse plano registra 70% de avanço nas ações, e a conclusão dos trabalhos está prevista para meados de 2025.

Das 35 cavidades, 9 receberam a recomendação de preenchimento com areia. Destas, 5 tiveram o preenchimento concluído, em outras 3 os trabalhos estão em andamento e 1 já está pressurizada, indicando não ser mais necessário o preenchimento com areia.

Além dessas, em outras 5 cavidades foi confirmado o status de autopreenchimento.

As demais 21 cavidades estão sendo tamponadas e/ou monitoradas, sendo que em 7 delas o trabalho já foi concluído. As atividades para preenchimento da cavidade 18 estavam em andamento e foram suspensas preventivamente devido à movimentação atípica no solo.

Todo o trabalho segue prazos pactuados no âmbito do plano de fechamento, que é regulamente reavaliado com a ANM.