Magda Chambriard minimiza dano bilionário da Petrobras sob Lula

Presidente sugere "solidez" da estatal, após prejuízo de R$2,6 bilhões, entre abril e junho de 2024

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, demonstrou estar mesmo disposta a ignorar os efeitos nocivos da má gestão e das interferências do governo Lula (PT) sobre as finanças da estatal brasileira, ao avaliar como “extremamente sólidos e dentro do esperado” o prejuízo de R$2,6 bilhões, entre abril e junho de 2024, nas contas da empresa pública.

Em entrevista coletiva online, Chambriard avaliou o resultado como “pontual” e prometeu que os lucros da Petrobras deverão voltar nos próximos trimestres. E recorreu ao economês para atribuir o fracasso da estatal ao acordo tributário com o Ministério da Fazenda (do governo do próprio Lula), no qual a Petrobras fechou negociações envolvendo R$ 19,80 bilhões para o fim dos litígios da estatal sobre remessas ao exterior para pagamento de afretamentos de embarcações de exploração de petróleo. E ainda culpou o acordo para aumentar salários da estatal, no governo petista, até 2025, bem como a desvalorização cambial no segundo trimestre.

“Nós tivemos nesse segundo trimestre eventos não recorrentes, eventos não recorrentes absolutamente conhecidos do mercado. Caso não fossem considerados esses fatores, nós estaríamos apresentando resultado positivo em linha com o observado no trimestre passado”, disse a presidente recentemente empossada na Petrobras.

Controle de preços

Quando perguntado se a Petrobras teria evitado o prejuízo no trimestre se tivesse reajustado o preço dos combustíveis nas refinarias mais cedo, o diretor de Logística, Comercialização e Mercados, Claudio Schlosser, respondeu que a empresa seguiu a “estratégia comercial” lançada por pressão do governo de Lula, em maio de 2023.

“Um elemento extremamente importante da nossa estratégia comercial é justamente não transferir para o mercado interno essas variações que a gente chama de volatilidade. Então, vocês acompanham e sabem muito bem a cada notícia que surge no mercado, você vê o petróleo disparar, você vê os derivados alterarem de cotação, em algum momento aumenta, em algum momento despenca e nós avaliamos isso no cenário dos fundamentos principais do mercado”, argumentou.

E a presidente da Petrobras descartou qualquer revisão na estratégia de controlar os preços dos combustíveis. Mesmo assim, admitiu ter observado, nos últimos meses, sensível perda de espaço da estatal no mercado.

“Nós estamos fazendo isso tudo muito atentos à tendência dos preços internacionais, atentos aos nossos competidores, mas quando a gente observa os últimos meses da venda de combustíveis, a gente vê até uma ligeira perda de market share [participação no mercado]. É sutil, mas ela existe. E é isso que mostra que nós estamos absolutamente certos na nossa estratégia de preços. Aumentar o preço agora seria abrir mão de market share, o que está longe da nossa intenção”, disse Chambriard.

Polêmica dos dividendos

Oito meses após decidir não pagar dividendos extraordinários para acionistas e gerar tombo de R$ 55,3 bilhões no valor de mercado da empresa, a Petrobras agora garante que vai pagar a distribuição de lucros, mesmo com o resultado negativo no segundo semestre de 2024. E não descartou o pagamento de dividendos extraordinários.

Para o repasse convencional, foi aprovado o repasse de R$ 13,6 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio aos acionistas, em duas parcelas, em novembro e em dezembro, com o uso de R$ 6,4 bilhões da reserva de remuneração do capital.

Enquanto a liberação dos dividendos extras vai depender da capacidade de financiabilidade dos projetos da empresa entre 2025 e 2029, como explicou o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Fernando Melgarejo.

“Não está descartada a possibilidade de a gente fazer pagamentos de dividendo extraordinário ainda este ano. O quanto antes a gente tiver uma visão mais clara, tiver uma exatidão maior dos nossos fluxos de caixa futuro, tanto a geração futura, gastos e o caixa operacional que a gente tiver nesse período, o quanto antes a gente vai fazer as análises e propor, se for o caso, distribuição de dividendos extraordinários”, disse.

A própria União também será beneficiada, por deter o maior percentual das ações da empresa: 28,67%.