Lira e Pacheco consentem Congresso achincalhado pelo STF, acusa Hattem

Vice-líder da oposição condena silêncio de presidentes da Câmara e do Senado diante operação contra líder de opositores a Lula

O vice-líder da oposição na Câmara dos Deputados, Marcel van Hattem (Novo-RS) concluiu que a operação de ontem (18) da Polícia Federal contra o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) foi um ataque a toda a oposição que ele lidera, à democracia e ao Estado de Direito. E ainda acusou os presidentes da Câmara, Artur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de consentir que o Congresso Nacional seja ‘novamente achincalhado” pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em particular pelo ministro Alexandre de Moraes, que determinou buscas na casa e no gabinete de Jordy, para investigar suas relações com atos antidemocráticos contra a eleição de Lula (PT).

Para Hattem, a Câmara e todo o Congresso estariam “de joelhos diante do consórcio Lula-STF” e precisam tomar as mais enérgicas atitudes contra o que considera um atentado contra o parlamento e um novo “abuso de autoridade com clara intenção intimidatória e de natureza persecutória”.

Vai terminando o dia em que o Parlamento foi novamente ACHINCALHADO pelo STF, em particular novamente por Alexandre de Moraes, e os presidentes do Congresso, @rodrigopacheco, e da Câmara, @ArthurLira_, até o momento NADA declararam. Quem cala, consente [sic]”, escreveu o deputado gaúcho, nas suas redes sociais. 

O vice-líder da Câmara já havia cobrado reação de Lira e Pacheco, afirmando que a alternativa seria que os presidentes da Câmara e do Senado admitissem, “por omissão ou até por colaboração, que suas cadeiras estão sendo ocupadas por quem não tem condições de cumprir com as responsabilidades constitucionais que lhes são inerentes”.

“A ditadura no Brasil já é indisfarçável. Cabe aos presidentes das Casas Legislativas nacionais a obrigação de dar satisfação aos seus representados de que, apesar de indisfarçável, a ditadura em que nos encontramos não é incontornável”, protestou.

Investigação

Jordy é investigado pela PF e foi alvo principal dos mandados judiciais que visam identificar quem planejou, financiou e incitou atos antidemocráticos ocorridos entre outubro de 2022 e o início do ano passado, no 8 de Janeiro, quando as sedes dos Três Poderes da República foram destruídos em protesto contra eleição do presidente Lula (PT) e a derrota de Bolsonaro.

“Uma medida autoritária, sem fundamento, sem indício algum, que somente visa perseguir, intimidar e criar narrativa às vésperas de eleição municipal.”, diz o deputado

Moraes quebrou sigilo telemático do deputado. E a PF concluiu que Jordy tinha poder de ordenar atos democráticos, por sua ligação com Carlos Victor de Carvalho, que enviou mensagem sugerindo ter o parlamentar com “líder” e lhe atribuindo “poder de parar tudo”, quando protestos bloqueavam rodovias de Campos dos Goytacazes, após os resultados das eleições de 2022.

Ontem pela manhã, o próprio deputado reagiu negando atuação nos ataques, dizendo que o Brasil vive uma ditadura, ao criticar a operação como perseguição autoritária e sem fundamento, com motivação eleitoral contra sua pré-candidatura a prefeito de Niterói.