Governo de Alagoas atrasa obras e paralisa entrega de novos hospitais
Paulo Dantas paralisou obras iniciadas por ele e Renan Filho, e depende da arrecadação e do socorro do governo federal
O lema de que Alagoas iria “daqui para melhor” pautou a campanha de reeleição do governador Paulo Dantas (MDB), há um ano. Mas, logo nos primeiros meses deste segundo mandato do afilhado político dos senadores emedebistas Renan Calheiros e Renan Filho, o governador já não tem o mesmo fôlego da campanha para avançar, e apela por socorro de recursos do governo de Lula, com quem dividiu palanque em 2022. O exemplo são as obras paralisadas de novos hospitais prometidos por Dantas e Renan Filho para serem entregues entre o fim de 2022 e o fim de 2025, que apresentam percentuais de execução que variam de 3,3% a 30%.
Duas semanas após a pasta da Saúde de Dantas se recusar a dar informações sobre o andamento das obras de três novos hospitais atrasados, o Diário do Poder apelou à Lei de Acesso à Informação (LAI) e obteve os dados que constatam a paralisação dos projetos do conjunto de investimentos históricos em novos hospitais, iniciado com recursos próprios no primeiro governo de Renan Filho.
Exaltadas desde dezembro de 2021 como últimos investimentos do legado da era de Renan Filho para a saúde pública, as obras foram vitrine do projeto de reeleição de Paulo Dantas. Mas quem passa pela principal via de Maceió observa o cenário de abandono do projeto do Hospital do Idoso, com “obras iniciadas” em agosto de 2022 e previsão de entrega no último mês de abril. Somente mato e pichações avançam no local da obra que tem pífios 6,3% de execução.
Passados quatro meses do prazo final da inauguração do Hospital do Idoso, os R$ 15,2 milhões reservados somente foram utilizados para instalar tapumes e a descaracterizar o prédio em que funcionava um home center. O motivo do atraso da obra é a espera pela Secretaria da Fazenda de Alagoas liberar a cota de emprenho dos recursos bancados pelos impostos da população do estado campeão nacional da fome e pior lugar do Brasil para se morar, segundo levantamentos da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN) e do Brasil em Mapas.
A situação é pior no grandioso projeto do Hospital Metropolitano de Arapiraca, que foi iniciada pelo ex-governador Renan Filho em fevereiro de 2022, dois meses antes de sua renúncia, com o investimento de R$ 5 milhões de recursos próprios na terraplanagem. Mas a obra alcançou apenas 3,3% de sua execução do projeto anunciado por Renan Filho ainda em abril de 2021, com promessa reforçada por Paulo Dantas em junho do ano eleitoral de 2022.
Agora, tendo o presidente Lula (PT) como aliado no Palácio do Planalto, e Renan Filho como senador licenciado e ministro dos Transportes, o governador Paulo Dantas aguarda assinatura de um termo de compromisso do Ministério da Saúde para tocar, com recursos federais, o projeto orçado em R$ 169,5 milhões que teve previsão inicial de entrega para dezembro de 2025.
O projeto de novo hospital mais avançado em Alagoas é o do Hospital Regional do Médio Sertão, em Palmeira dos Índios. Ainda assim, tem percentual de execução de 30% das obras que foram iniciadas em dezembro de 2021, mas com prazo de conclusão descumprido desde o final do último mês de junho, conforme previsão divulgada pelo governo de Renan Filho quando anunciada sua construção. A obra teve custo inicial estimado em R$ 60 milhões. E o motivo do atraso é a espera pela Secretaria da Fazenda de Alagoas liberar a cota de emprenho dos recursos estaduais.
Em maio, Paulo Dantas reuniu-se remotamente com a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, numa tentativa de viabilizar verbas do governo de Lula para execução de obras consideradas prioritárias que Alagoas não consegue tocar com recursos próprios. Entre as obras que se tenta obter recursos do governo federal para reforçar a saúde pública, estão o novo Hospital Metropolitano de Arapiraca e a ampliação da Unidade de Emergência Dr. Daniel Houly, esta última não iniciada e também no segundo maior colégio eleitoral de Alagoas.