General alerta que governo Lula não pode intervir em punição a militares

Ex-gestor dos Correios, Juarez Cunha critica ingerência política já exercida pelo governo de Bolsonaro

Um dia após tratar a troca de Comando do Exército como oportunidade de “recompor forças” e de afastar as Forças Armadas do partidarismo, o general Juarez Aparecido de Paula Cunha defendeu, hoje (23), punição disciplinar e legal para militares que participaram dos ataques que destruíram as sedes dos Poderes da República, em 8 de janeiro. Porém, ressaltou que o governo de Lula (PT) não pode interferir em processos que busquem responsabilizar os militares.

Ao alertar que não cabe ao governo petista influenciar nos rumos de eventuais punições de militares, Juarez Cunha também criticou a ingerência política do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre as Forças Armadas. O general foi demitido da Presidência dos Correios, por Bolsonaro, em junho de 2019, após assumir o cargo sete meses antes, ainda no governo de Michel Temer (MDB).

“Sobre a participação de militares nos atos de 08/01: deverão ser submetidos aos processos disciplinares e punidos conforme normas disciplinares ou legais. Entretanto, não cabe ao Governo interferir nesse processo. Já tivemos muita ingerência política no Governo anterior”, escreveu o general Juarez Cunha, em seu perfil no Twitter.

‘Reajustar dispositivos’

No domingo (22), ao comentar a ascensão do general Tomás Miguel Ribeiro Paiva ao Comando do Exército, Juarez Cunha aconselhou militares a respeitar a Constituição e os chefes para garantir o cumprimento da missão institucional das Forças Armadas.

“Amigos militares! Hora de reajustar o dispositivo e recompor as forças. Disciplina é o nosso farol, a Constituição o guia, o respeito aos nossos chefes garantem o êxito na missão. Somos instituição de Estado, não partidária, não sujeita às turbulências da política partidária”, defendeu Juarez Cunha.

No governo de Bolsonaro, foi decretado sigilo de 100 anos para o processo disciplinar que deixou de punir o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, por ter participado de ato político de apoio ao então presidente da República, em 23 de maio de 2021, no Rio de Janeiro. O Regulamento Disciplinar do Exército e o Estatuto das Forças Armadas vetam a participação de militares da ativa em manifestações políticas.