Ex-chefe da Polícia Civil do RJ é alvo de operação por fraudes na Saúde

Allan Turnowski, e outro delegado, Eduardo Clementino de Souza, são alvos de busca e apreensão

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), deflagou nesta terça-feira (26), a Operação Vigília, que tem como um dos investigados o ex-chefe da Polícia Civil fluminense, Allan Turnowski, e outro delegado, Eduardo Clementino de Souza, investigados por possíveis fraudes em contratos firmados com a Fundação Estadual de Saúde. São cumpridos 12 mandados de busca e apreensão contra pessoas físicas e jurídicas investigadas, em nove bairros do Rio e no município de Silva Jardim.

A operação coordenada pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) conta com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MPRJ. E tem como base o Procedimento Investigatório Criminal que apura os crimes de organização criminosa e fraude em licitação.

“As investigações revelaram o direcionamento de contratos públicos em favor das empresas Vidgel Vigilância e Segurança e Vidgel Serviços Terceirizados. Os contratos foram celebrados nos anos de 2021 e 2022, para prestação de serviços no Hospital Heloneida Studart, em São João de Meriti, Hospital Estadual da Mãe, em Mesquita, e Centro Estadual de Diagnóstico por Imagem (CEDI – Rio Imagem), no Centro do Rio”, detalha o Gaeco do MPRJ.

A investigação aponta a possibilidade de servidores públicos e outros investigados terem se beneficiado de forma indireta dos recursos obtidos com o esquema criminoso. Os promotores de Justiça identificaram uma suposta triangulação financeira envolvendo as empresas Vidgel, o pai do delegado Allan Turnowski e o próprio delegado, indicando a prática de repasse financeiro indireto.

O delegado Eduardo Clementino de Souza é dono de uma das empresas investigadas. E Allan Turnowski comandou a Polícia Civil do Rio de Janeiro duas vezes, de 2009 a 2011, no governo de Sérgio Cabral (MDB); e de 2020 a 2022, nos governos de Wilson Witzel (PMB) e Cláudio Castro (PL). Allan responde processo em liberdade, por suspeita de organização criminosa e envolvimento com o jogo do bicho, que o levou a ser preso em 2022.

A Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) e a Corregedoria Geral da Polícia Civil acompanham as diligências.

Ao G1, a defesa de Allan Turnowski afirmou desconhecer as relações contratuais entre uma das empresas investigadas e a Secretaria Estadual de Saúde. Os advogados disseram que o delegado teve um celular e um computador apreendidos em casa, sem ter acesso à decisão judicial da 1ª Vara Criminal Especializada em Organizações Criminosas da Capital, que autorizou a busca e apreensão. Por isso dizem que somente vão se manifestar após terem acesso aos autos do processo.