DNIT abre sindicância, após seu descaso derrubar ponte e matar
Órgão ignorou alertas sobre ponte em ruínas e ministro Renan Filho investirá R$ 100 milhões em "emergência" tardia
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) está sob pressão e sinaliza um disfarce para sua inércia e irresponsabilidade que contribuíram com o desabamento de uma ponte que matou ao menos quatro pessoas entre os estados do Maranhão e do Tocantins, no último domingo (22). Somente nesta terça (24), o órgão que cegou para denúncias públicas sobre as ruínas da Ponte Juscelino Kubitschek instaurou uma sindicância interna e agora promete investigar causas e responsabilidades do desastre que ainda tem 13 pessoas desaparecidas e um dano ambiental ainda sem dimensões bem delineadas.
Ainda que pressionada, a sindicância vai esperar a volta do feriado natalino e inicia na quinta-feira (26) a apuração para apontar o óbvio descaso do DNIT com os repetidos apelos de moradores, motoristas e autoridades locais diante da péssima conservação da gigantesca estrutura da ponte de 533 metros na BR-226.
O trabalho investigativo foi determinado pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, no cargo desde 2023 e que somente agora demonstra preocupação em saber quem no DNIT tem responsabilidade pela deterioração da ponte em frangalhos evidentes já no início do governo do presidente Lula (PT).
“O Brasil tem mais de nove mil obras de arte especial, pontes, viadutos, túneis, todos monitorados justamente para evitar coisas como o que aconteceu aqui e a recuperação dessas obras. Então a sindicância é importante para apurar as causas do que houve e responsabilização devida”, disse Renan Filho, após afirmar ser solidário às vítimas do desastre.
“Toda a comissão vai se deslocar para o local do desabamento e começará a fazer a coleta dos documentos necessários para as apurações. Inclusive pretendemos acionar órgãos externos ao DNIT para participarem dos trabalhos”, informou Fabrício Galvão, diretor-geral do DNIT, autarquia vinculada ao ministério comandado por Renan Filho.
Tal comissão de sindicância ainda terá 120 dias para concluir o trabalho que prevê autorização para levantar fatos, requerer documentos a órgãos de qualquer esfera administrativa e analisá-los junto às demais provas obtidas durante a investigação. Além disso, a sindicância deve instruir o processo administrativo com provas técnicas, como ensaios e visitas em campo, que identifiquem as possíveis causas que levaram ao desabamento e avaliar indicativos de responsabilidade.
A Polícia Federal também abriu inquérito para investigar as responsabilidades, na esfera judicial, pelo desastre da ponte.
‘Garantia’ extemporânea
Sob holofotes da imprensa nacional, o inerte Ministério dos Transportes resolveu anunciar a decretação de uma tardia “emergência”, ainda nesta terça, para destinar, mais de R$ 100 milhões para construir uma nova ponte, com menor rigor nos trâmites burocráticos como processo licitatório que poderia ter sido realizado antes de a ponte desabar.
“Minha vinda aqui traz a garantia de que vamos reconstruir integralmente esta ponte”, exaltou Renan Filho, enquanto parentes choravam quatro mortes e bombeiros buscavam 13 vítimas no Rio Tocantins.
O DNIT informou que tentou recuperar a ponte, em licitação que acabou sendo encerrada sem vencedores para a obra.