Deputado expõe Dino: ‘macheza’ com velhos, ‘vazio’ com bandidagem
Deputado alagoano cobra ministro por planos contra crime organizado: 'Cercado de corruptos e sem plano contra bandidos'
O deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL) foi aplaudido por colegas parlamentares, na sessão de ontem (28) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, ao cobrar pessoalmente explicações do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, sobre a ausência de planos do governo de Lula (PT) para combater o crime organizado e a corrupção. Alfredo resumiu o ministro como quem exibiu “macheza” para prender “um monte de velho e menino” após os ataques de 8 de janeiro, mas segue “vazio de conteúdo” sobre combate à bandidagem.
Com a experiência de ter retirado Alagoas do topo do ranking nacional da violência, o ex-secretário estadual de Segurança Pública disse que “os bandidos podem ficar tranquilos”, por considerar que Dino não tem qualquer plano de combater crime. A conclusão de Alfredo decorre do contexto de Dino, segundo o deputado, com o ministro cercado de colegas “enlameados pela corrupção”, além da ausência de respostas coerentes e de ações efetivas contra criminosos.
“O ministro Dino é vazio de conteúdo. Em relação ao fortalecimento da Segurança Pública e do combate ao crime organizado, os bandidos podem ficar tranquilos, ele não tem qualquer plano. Uma pena para o país. Faltaram respostas coerentes, assim como faltam ações efetivas contra a bandidagem”, resumiu Alfredo Gaspar, após a artilharia de perguntas que lhe rendeu palmas na CCJ.
Alfredo Gaspar foi aplaudido quando provocou Dino sobre as prisões de cerca de mil apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acusados dos ataques aos Poderes da Reública, em Brasília, em 8 de janeiro.
“Queria saber se o senhor vai usar essa sua macheza, que botou um monte de velho e menino em um ônibus e levou tudinho para a Academia Nacional de Polícia; se o senhor vai usar também isso contra as organizações criminosas, se vai ser na bala, na borracha, na força”, ironizou o deputado, sob aplausos.
Outros questionamentos de Alfredo, foram: “Qual é o plano de desarmamento que o senhor vai fazer com os grandes criminosos do Brasil? Qual é o seu plano de combate à corrupção, já que o senhor tem tanto colega enlameado pela corrupção?”.
Veja:
Maré, PCC e empresa de maconha
O deputado alagoano acossou Dino com questionamentos sobre sua visita à comunidade da Maré, no Rio de Janeiro, sugerindo que o ministro teria recebido proteção do tráfico para visitar a favela dominada por traficantes.
“Já que o senhor controla o sistema de segurança pública no Brasil e deve ser um grande especialista, o senhor recomenda aos policiais do Rio de Janeiro que façam a mesma incursão que o senhor fez sem ser incomodado pelos traficantes e garante a vida deles naquela região que o senhor está dizendo que é de tanta paz?”, perguntou.
Alfredo ainda quis saber se, na agenda na Maré, Dino teria encontrado a presidente da ONG Anjos da Liberdade, advogada Flávia Fróes, candidata a deputada federal pelo mesmo partido de Alfredo Gaspar, e investigada pela Polícia Federal por suspeita de associação com o tráfico de drogas.
E perguntou se o ministro concorda com a ação ADPF 579, de 2019, em que esta ONG e o Partido dos Trabalhadores no Supremo Tribunal Federal (STF) tentavam favorecer com visitas íntimas para líderes de facção criminosa que tramou a morte de autoridades, alvo da Operação Sequaz.
“O senhor concorda com a ADPF 579, proposta pelo partido do seu chefe Lula, em comunhão com o Instituto Anjos da Liberdade, que pretende retornar a visita íntima a chefes de facção em presídio federal, como o Marcola e o Fernandinho Beira-Mar? Agora há pouco, ficou definido que esse foi um dos motivos para o Promotor Lincoln Gakiya e o Senador Sergio Moro estarem sob a mira do PCC”, disse o deputado, citando ação negada em 2022 e transitada em julgado.
Alfredo Gaspar lembrou do escândalo da contratação da empresa Hempcare, especializada em medicamentos à base de maconha, para a venda de respiradores, por governadores do Consórcio Nordeste, durante a pandemia. “O senhor foi Governador do Maranhão. O senhor é um especialista em segurança pública e torrou mais de 5 milhões numa empresa que vendia maconha, para comprar respirador. Queria saber, Ministro, se o senhor vai fazer algo parecido também como Ministro de Estado?”, provocou o parlamentar.
Outro lado
Dino respondeu a Alfredo Gaspar que não conhecia a ONG Anjos da Liberdade, que não constaria na lista dos presentes na reunião na Maré. “Não sei de onde saiu essa versão, mas não está entre os convidados e os presentes”, rebateu o ministro.
O auxiliar de Lula também alegou que a ADPF 579 foi extinta. E disse ser mentira que ele subiu à Maré sem escolta policial, citando registros da presença de policiais ao seu redor, em vídeo. Citou, ainda que foi atendido em pedido de escolta enviado pela Polícia Militar do Rio de Janeiro e pelo Corpo de Bombeiros, ao concluir que as forças policiais fizeram aquilo que a lei manda, na ocasião.
“Deputado, eu não sei de onde tiraram o desvario que não tinha escolta policial. Não sei de onde tiraram isso, porque é empírico, é empírico. Você abre o vídeo e você vê o quê? Policiais. Olha que coisa impressionante. Não havia escolta policial, mas havia policiais. Fazendo o quê? Eles tinham ido fazer uma visita. Não, eles estavam fazendo escolta policial. […]Então, é mentira — o senhor pode ter certeza disso — que não havia escolta policial. Basta ver o vídeo”, respondeu Dino.
Sobre sua “macheza”, Dino respondeu. arrancando risadas dos parlamentares: “E o senhor me pergunta se eu tenho muita macheza. Isso não é algo que o senhor me pergunte, porque, se o senhor está interessado nesse assunto, eu lhe informo que eu não estou interessado nesse assunto. Agora, sobre esse aspecto, informo ao senhor, olhando no seu olho: eu não tenho medo de ninguém, nem de nada. O senhor pode ter certeza disso”.