Criminosos lucrariam R$ 20 milhões com kits de robótica em Alagoas

Após desvios de R$ 8,1 milhões, PF e CGU cumprem dois mandados de prisão por fraudes em 43 prefeituras

A Operação Hefesto foi deflagrada nesta quinta-feira (1º) contra uma organização criminosa que alcançaria lucros de até R$ 19,8 milhões em recursos federais, com sobrepreço e crimes em esquema de fraude a licitações e lavagem de dinheiro. A Polícia Federal (PF) cumpre dois mandados de prisão em Brasília (DF), pelas ilegalidades identificadas em 43 prefeituras alagoanas, com prejuízo de R$ 8,1 milhões em superfaturamento já atestado pela Controladoria-Geral da União (CGU).

O alvo da Hefesto é um esquema envolvendo licitações, adesões a atas de registro de preços para compras, geralmente direcionadas a uma única empresa, de kits com itens para aulas de robótica com verbas federais do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), entre 2019 e 2022.

A 2ª Vara Federal em Alagoas ainda determinou sequestro de bens móveis e imóveis dos investigados, no valor dos R$ 8,1 milhões superfaturados, bem como a suspensão de licitações e contratos para compra dos kits com os recursos do FNDE pelos municípios. A CGU conclui que tais kits com valores superfaturados ainda foram adquiridos em quantidades bem superiores às reais necessidades das escolas dos municípios.

“Com a obtenção de lucros exorbitantes, os envolvidos utilizavam-se de um meticuloso e intricado esquema de lavagem de capitais, utilizando-se de diversas pessoas físicas e jurídicas, de diferentes estados da federação, visando ocultar os verdadeiros destinatários dos valores e bens obtidos irregularmente, oriundos dos contratos milionários firmados com os municípios”, concluiu a CGU.

A operação faz referência ao deus da tecnologia, do fogo, dos metais e da metalurgia, na mitologia grega. E envolveu 110 policiais federais e 13 servidores da CGU, cumprindo 27 mandados de busca e apreensão, sendo 16 em Maceió, oito em Brasília, um em Gravatá (PE), um em São Carlos (SP) e um em Goiânia (GO).

A lavagem do dinheiro do esquema envolvia repasses fracionados em operações abaixo dos R$ 50 mil, originados de sócios da empresa, para pessoas sem relação com o objeto do contrato. O objetivo seria burlar o sistema de controle do Banco Central/COAF, para, realizar saques posteriores em espécie para integrantes do esquema.