CPI da Braskem presidida por Aziz inicia em fevereiro, 6 anos atrasada
Comissão instalada por senadores investigará mineração que destrói cinco bairros de Maceió desde 2018
Com quase seis anos anos de atraso desde o tremor de terra que agravou o desastre ambiental causado por cerca de quatro décadas de mineração de sal-gema que já destruiu cinco bairros de Maceió, o Senado instalou, nesta quarta-feira (13), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem. O objetivo central da CPI que será presidida pelo senador Omar Aziz (PSD-AM) é investigar a responsabilidade da gigante da petroquímica que causou a expulsão de mais de 60 mil pessoas de suas casas e empresas na capital alagoana, desde o terremoto de 2,5 graus na escala Richter ocorrido em março 2018.
Com previsão de iniciar seus trabalhos em fevereiro, na véspera do aniversário de seis anos dos mais graves abalos sísmicos que sacudiram a vida de milhares de maceioenses, a CPI foi proposta pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). O alagoano aliado do presidente Lula (PT) busca culpados pela tragédia avaliada como o maior desastre socioambiental urbano em andamento no planeta. E demonstra indignação com omissões e ações em seu reduto político, mesmo tendo presidido a antiga Salgema, em 1993 e 1994, nove anos antes de a Braskem assumir as operações predatórias nas minas que abriram cavernas em região de falhas geológicas preexistentes.
O desastre ambiental resultante da extração de sal-gema destruiu cinco bairros de Maceió, no Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e parte do Farol. E o crime ambiental que proveu rendimentos à Braskem teve como episódio mais recente o colapso da mina 18, que abriu uma cratera na Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange, com impactos sobre fauna e flora ainda não avaliados, no estuário lagunar que batizou o estado de Alagoas.
2024 no radar
Apesar de seu herdeiro político e ministro de Lula, Renan Filho (MDB), ter governado Alagoas durante quase quatro anos em que o desastre da Braskem se agravava em Maceió, Renan tem focado sua atuação na tentativa de culpar seu adversário político e prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o “JHC” (PL).
No foco do debate local do grupo político de Renan, está o acordo firmado este ano entre o prefeito e a Braskem, que rendeu R$ 1,7 bilhão para reparar danos da mineração. Recursos que colocam JHC em posição relativamente confortável para se reeleger em 2024, na capital alagoana em que Renan nunca elegeu um prefeito.
Após o rompimento da mina 18, no domingo (10), a Braskem emitiu posicionamento afirmando que “toda a área, que vem sendo monitorada nos últimos dias, já estava isolada” e que “autoridades foram imediatamente comunicadas, e a Braskem segue colaborando com elas”.
Composição
O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) foi escolhido vice-presidente da CPI da Braskem, cujo relator deverá ser definido somente em fevereiro, com chances de escolha de Renan para apresentar o relatório final indiciando investigados.
Veja a lista dos 11 senadores titulares e sete suplentes da CPI da Braskem:
Titulares:
– Renan Calheiros (MDB-AL),
– Efraim Filho (União-PB),
– Rodrigo Cunha (Podemos-AL),
– Cid Gomes (PDT-CE),
– Omar Aziz (PSD-AM),
– Jorge Kajuru (PSB-GO),
– Otto Alencar (PSD-BA),
– Rogério Carvalho (PT-SE),
– Wellington Fagundes (PL-MT),
– Eduardo Gomes (PL-TO),
– Dr. Hiran (PP-RR).
Suplentes:
– Fernando Farias (MDB-AL),
– Jayme Campos (União-MT),
– Soraya Thronicke (Podemos-MS),
– Angelo Coronel (PSD-BA),
– Fabiano Contarato (PT-ES),
– Magno Malta (PL-ES).