Câmara pressiona ministro a explicar pagamento de viagem da ‘dama do tráfico’

Sílvio Almeida será questionado em comissões parlamentares na tarde desta terça (5)

Integrantes de comissões parlamentares da Câmara dos Deputados cobrarão explicações ao ministro Silvio Almeida sobre ter investido recursos públicos do Ministério dos Direitos Humanos para garantira a presença de Luciane Barbosa Farias, em uma reunião da pasta, em Brasília. Na audiência marcada para 14h desta terça-feira (5), Almeida deve detalhar os motivos de bancar passagens e hospedagem para a mulher tratada pela oposição como “dama do tráfico” por ser casada com Clemilson dos Santos Farias, vulgo “Tio Patinhas”, preso no fim de 2022 acusado de liderar a facção criminosa Comando Vermelho e de crimes ligados ao tráfico.

A inquirição a Almeida ocorrerá no âmbito das comissões de Comissão de Fiscalização Financeira e Controle; e de Segurança Pública da Câmara, no Plenário 11. E foi proposta por nove deputados: Kim Kataguiri (União-SP), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carlos Jordy (PL-RJ), Marcos Pollon (PL-MS), Junio Amaral (PL-MG), Helio Lopes (PL-RJ), Adriana Ventura (Novo-SP), Marcel van Hattem (Novo-RS) e Gilson Marques (Novo-SC).

Em março deste ano, a mulher do líder do Comando Vermelho foi recebida em comitiva por Elias Vaz, secretário de Assuntos Legislativos no Ministério da Justiça e Segurança Pública; e em maio por Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), do Ministério da Justiça, comandado por Flávio Dino.

Em maio, Luciene foi recebida por Érica Meirelles Oliveira, que coordena a Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (SNDH), do ministério comandado por Sílvio Almeida. E divulgou foto dizendo que tem denunciado a órgãos fiscalizadores demandas levadas à sua entidade por seus associados familiares de presos, egressos e reclusos do Sistema Prisional do Amazonas.

A chamada “dama do tráfico” ainda participou, em novembro, de encontro sobre combate à tortura promovido pelo Ministério dos Direitos Humanos, em Brasília, com passagens e diárias pagas pelo governo petista.

O deputado Helio Lopes exige esclarecimento do ministro sobre quais são os protocolos de segurança adotados pela pasta para garantir a idoneidade dos terceiros com os quais se relaciona. Enquanto deputado Marcos Pollon ressalta que “todos os convidados [do encontro] tiveram suas passagens e diárias custeadas [com dinheiro público]”. E Eduardo Bolsonaro cita que “o encontro foi registrado por Luciene nas redes sociais”..

“Como seria possível um comitê presidido pelo ministro de Direitos Humanos não ter a mínima capacidade de identificar a ligação de Luciene Barbosa Farias com o crime organizado amazonense?”, questiona Junio Amaral.

“O ministro é responsável direto pela gestão da pasta e deve explicações e desculpas à sociedade por ter financiado agentes do crime”, cobra Adriana Ventura.