Blocão da Câmara repudia ‘covardia’ de ataque de Renan contra deputada

Senador é acusado de violência política contra Dani Cunha (União-RJ)

O líder do chamado “Blocão” na Câmara dos Deputados, Felipe Carreras (PSB-PE), leu em Plenário, na noite de ontem (20), uma nota do maior bloco partidário da Casa, que repudiou o ataque do senador Renan Calheiros (MDB-AL) à deputada Dani Cunha (União-RJ), criticada pelo seu projeto de lei que criminaliza a discriminação contra políticos. Renan chamou a iniciativa da deputada de “lixo legislativo”, em declarações que o Blocão considerou ser uma violência política contra a parlamentar, no ataque classificado como “irresponsável, abusivo” e com “resquícios de covardia”.

A nota acusa Renan de reduzir toda a atuação da Casa do Povo a uma disputa regional, em referência à rivalidade do senador alagoano com seu conterrâneo e atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que lidera o blocão formado pelo PP, PSB, PDT, União Brasil, Federação PSDB/Cidadania, Solidariedade, Patriota, Avante e PL.

O motivo da reação do Blocão é a seguinte publicação de Renan, no último domingo (18), em seu perfil no Twitter: “A lei Dani/Lira é um lixo legislativo. Não há hipótese de passar no Senado Federal. Só faltou mudarem o plenário da Câmara de Ulysses Guimarães para Eduardo Cunha. É o desenrola do Lira. Inacreditável o apoio do MDB e PT”.

Para os deputados do maior bloco partidário da Câmara, Renan incitou ódio e colocou seus interesses acima dos interesses da nação.

“Discursos vazios, pobres em soluções e ricos em frases de efeito em busca de “likes” só servem àqueles que se beneficiam de um modelo de País que as instituições trilham caminhos opostos, gerando consequências nefastas ao seu povo. É irresponsável um Parlamentar proferir palavras vazias e odiosas sem qualquer prova”, condena o Blocão, na nota.

O documento foi assinado pelos deputados Felipe Carreras (PSB-PE); André Figueiredo (PDT); Elmar Nascimento (União Brasil); André Fufuca (PP); Adolfo Viana (PSDB); Aureo Ribeiro (Solidariedade); Fred Costa (Patriota); Luis Tibé (Avante); Alex Manente (Cidadania); e Altineu Côrtes (PL).

O Diário do Poder fez contato com a assessoria do senador Renan e fica à disposição para expor a resposta do senador à nota do Blocão.

Repúdio

Leia a íntegra da “Nota de repúdio contra as declarações do Senador Renan Calheiros”:

Divergências são comuns no Parlamento. Discordar é a beleza da democracia, mas isso só é possível em um ambiente respeitoso, em que as duas Casas Legislativas trabalhem de forma complementar, ainda que, comumente, ocorram discordâncias. Disseminar informações falsas é justamente o oposto disso.

Ao reduzir toda a atuação da Casa do Povo a uma disputa regional, o Senador Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, coloca seus interesses acima dos interesses da Nação, incitando um clima de ódio e de concorrência desnecessário, que há muito tempo ansiamos por encerrar.

Disputas paroquiais não podem sobressair o equilíbrio dos Poderes, que juntos garantem a independência do Parlamento, consequentemente o desenvolvimento da Nação.

Mais do que isso, é inaceitável que uma mulher seja atacada dessa forma. É preciso acabar com essa violência política. O ataque gratuito a uma mulher sem objetivo nenhum e auto-outorgada a responsabilidade de falar em nome do Senado inteiro é assustador, pois temos ciência de que a Casa não é representada apenas por um cidadão. Mais do que isso, usar a figura de uma mulher que nunca lhe teceu uma palavra para atacar é irresponsável, abusivo e possui resquícios de covardia. A parlamentar é tão parlamentar como qualquer outro.

Discursos vazios, pobres em soluções e ricos em frases de efeito em busca de likes só servem àqueles que se beneficiam de um modelo de País que as instituições trilham caminhos opostos, gerando consequências nefastas ao seu povo. É irresponsável um Parlamentar proferir palavras vazias e odiosas sem qualquer prova.

Prezamos pelo diálogo entre as Casas Legislativas, respeitamos as divergências e, acima de tudo, a história da Câmara e do Senado, instituições irmãs que tanto contribuíram e ainda têm a contribuir com os rumos do Brasil.
Não aceitaremos ataques infundados que enfraqueçam o Parlamento e a democracia em prol de projetos pessoais que em nada contribuem para o desenvolvimento da Nação. A Câmara respeita todo e qualquer Senador, e esperamos reciprocidade nesse tratamento.

Veja a publicação que motivou a nota: