Arquidiocese cita ano eleitoral ao questionar CPI contra Padre Júlio

Órgão da Igreja Católica reage com perplexidade à investigação que mira vigário e máfia que explora pobres nas ruas de São Paulo

A Igreja Católica reagiu, no fim da noite de ontem (3), à iniciativa de vereadores de São Paulo de iniciar o ano legislativo de 2024 instalando uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar atividades do padre Júlio Lancellotti e das organizações não governamentais (ONGs) junto à população pobre e usuários de droga no centro de São Paulo. Em nota, a Arquidiocese de São Paulo disse acompanhar o caso com perplexidade e questionou o motivo de a Câmara Municipal promover uma CPI contra “um sacerdote que trabalha com os pobres, justamente no início de um ano eleitoral”.

O autor do requerimento da CPI, vereador Rubinho Nunes (União Brasil), afirmou ontem que, além das ONGs  Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) e a Craco Resiste, a comissão investigará outras instituições que atuam no Centro. O bairro abriga a “cracolândia”, e o vereador disse à CNN Brasil que combaterá o que classifica com “a máfia que explora a miséria no centro de São Paulo”.

“Padre Júlio não é parlamentar. Ele é o Vigário Episcopal da Arquidiocese de São Paulo ‘para o Povo da Rua’ e exerce o importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade. Reiteramos a importância do trabalho da Igreja junto aos mais pobres da sociedade”, reagiu a Arquidiocese de São Paulo, na nota.

Ligado à esquerda e ao pré-candidato a prefeito Guilherme Boulos (PSOL), padre Júlio Lancellotti foi exaltado pelo órgão da Igreja Católica como prestador de serviço pastoral junto à população em situação de rua. E o sacerdote militante considerou legítima a CPI, ao ressaltar que a atividade da Pastoral de Rua é da Arquidiocese de São Paulo, desvinculada das atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para criação da comissão na Câmara Municipal.

Veja a íntegra da nota da Arquidiocese de São Paulo: