Após veto derrubado, lei considera Nise da Silveira Heroína da Pátria

Nise se rebelou contra métodos agressivos aplicados em pacientes com transtornos mentais, como o eletrochoque

O nome da médica alagoana Nise da Silveira será inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. É o que prevê a Lei 14.401/22, publicada em edição extra do Diário Oficial da União da sexta-feira (8).

A lei é oriunda do Projeto de Lei 9262/17, da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), aprovado pela Câmara dos Deputados em 2019 e pelo Senado neste ano. O texto havia sido vetado integralmente pelo presidente Jair Bolsonaro em maio deste ano. O veto foi derrubado por deputados e senadores no dia 5 de julho, durante sessão do Congresso Nacional.

Biografia

A médica Nise da Silveira (1905-99) é reconhecida internacionalmente pela contribuição para a psiquiatria. Formada pela Faculdade de Medicina da Bahia, onde foi a única mulher em uma turma de 158 alunos, Nise se manifestou contra os tratamentos agressivos enquanto trabalhava no antigo Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Rio de Janeiro. Avessa a procedimentos como eletrochoques, isolamentos, lobotomias e camisas de força, foi transferida para a área de terapia ocupacional.

O afastamento, que deveria ter sido entendido como uma repreensão, serviu para que a psiquiatra encontrasse o espaço necessário para investir em métodos humanizados na recuperação de pacientes. Um dos tratamentos desenvolvidos por Nise da Silveira foi a expressão dos sentimentos pelas artes, especialmente em pinturas.

A produção artística de alguns pacientes ganhou reconhecimento pela qualidade estética, além de ter demonstrado resultados positivos na recuperação. As obras estão expostas no Museu de Imagens do Inconsciente, inaugurado por Nise da Silveira em 1952 no Rio de Janeiro.

Nise da Silveira também introduziu no País a psicologia junguiana (ou analítica), que enfatiza, entre outros itens, o inconsciente pessoal e coletivo.

“Nise promoveu uma verdadeira revolução não só no tratamento das pessoas com transtornos mentais, mas também na visão que os outros tinham sobre elas”, ressaltou a deputada Jandira Feghali na justificativa da homenagem. (Com informações da Agência Câmara de Notícias)