Fiasco nas urnas, Grazziotin ganha boquinha na OTCA

Articulação do PCdoB com PT levará Lula a indicar comunista à Organização do Tratado de Cooperação Amazônica

A ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) deve receber a missão de representar o Brasil com mandato de dois anos na diretoria da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), mesmo depois de acumular desempenhos pífios nas urnas, com uma 16ª votação na disputa por uma das oito vagas do Amazonas na Câmara dos Deputados, em 2022, e após ficar na 5ª posição que lhe frustrou a disputa pela reeleição para o Senado, em 2018. A política que tem sido um fiasco nas urnas deve ocupar a cadeira do atual representante do Brasil, o embaixador de carreira Carlos Alfredo Lazary.

A comunista será indicada pelo presidente Lula (PT) para a vaga do Brasil na direção da organização internacional também composta pelos países que partilham a Amazônia: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.

Sua indicação deve ser confirmada, sem surpresas, em uma eleição interna do colegiado dos oito países amazônicos, até o final deste ano. E foi articulada pelo PCdoB e pelo PT para o órgão que é dotado de secretaria permanente e orçamento próprio.

O prêmio de consolação pelo empenho de Grazziotin contra o impeachment de Dilma Roussef (PT), em 2016, e na campanha de Lula no Amazonas, em 2022, foi celebrado por seu marido, o ex-deputado federal Eron Bezerra. O também comunista companheiro da ex-senadora chegou a ser condenado, em 2021, pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver R$ 1,5 milhão aos cofres públicos, por irregularidades quando foi secretário de Produção Rural do Amazonas.

“Posso adiantar que ela é o nome que deve assumir a OTCA, mas isso ainda está em tratativas com a nacional”, disse Eron, segundo o site Comun.

Com sede em Brasília, a OTCA tem projetos financiados pelo Fundo Amazônia e a Agência Nacional de Águas. E articula a atuação do governo brasileiro, fazendo doações de equipamentos para países vizinhos. A organização sustenta-se de contribuições obrigatórias dos países membros, tendo o Brasil como maior financiador, com US$ 950 mil por ano. O Suriname dá a menor contribuição, de US$ 70 mil por ano.

A ida de uma política para representar o Brasil na direção da OTCA muda uma tradição de se indicar um embaixador brasileiro ligado a questões ambientais.