PM volta a prender policiais que ousaram parar coronel em blitz

Corregedoria considerou que abordagem manchou imagem da PM

A Corregedoria da Polícia Militar de Alagoas puniu com prisão, na semana passada, três policiais da guarnição do Batalhão de Policiamento Rodoviário (BPRv) que abordaram o coronel Adroaldo Goulart em uma blitz em que este arrancou com o carro e só parou sob a mira de arma de fogo. O oficial estava em um carro oficial que estava sendo dirigido por sua esposa, no Litoral Sul de Alagoas, em novembro de 2017.

A decisão pelas novas prisões relacionadas ao caso considerou que os policiais “mancharam a imagem” da PM, por cometer “excessos”. E foi publicada no Boletim Geral Ostensivo (BGO) da última sexta-feira (8).

Houve a determinação prisão de quatro dias para o 2º tenente Antônio Edvaldo da Silva e o sargento Alexandro de Farias Barros Santos, por permitirem a interferência de um subordinado no andamento da ocorrência e por deixar de confeccionar a documentação necessária a esse episódio.

Já para o soldado Thiago Cavalcante Araújo Oliveira, o subordinado em questão, a punição foi de cinco dias de prisão.

O cumprimento da nova punição para o 2º tenente Antônio Edvaldo da Silva e o sargento Alexandro de Farias Barros Santos acabou sendo somente de um dia, já que ambos passaram três dias detidos, logo após a abordagem. E o soldado Thiago Cavalcante Araújo Oliveira deve cumprir apenas mais dois dias, pelo mesmo motivo.

Reveja o registro de parte da abordagem:

AÇÃO DESPROPORCIONAL

Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado contra o soldado, “por agir de maneira desproporcional e sem o devido respeito a superior hierárquico, além de não obedecer a cadeia de comando e a ordem quando lhe foi determinado que cessasse sua atuação. Por conseguinte, causando às margens de uma rodovia, escândalo que comprometeu a imagem da corporação perante a sociedade”.

A PM afirma que foi assegurado o direito de defesa e do contraditório e que foi constatada a transgressão disciplinar cometida pelos militares envolvidos na ocorrência.

PATENTE ACIMA DA LEI

O chefe do Ministério Público Estadual, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, chegou a defender que os policiais representavam o Estado e não deveriam distinguir se havia um coronel ou um general, no veículo abordado. “O Ministério Público defende que, naquele momento da abordagem, os policiais representavam o Estado. Não existe patente no Estado, existe a lei”, disse o procurador-geral de Justiça de Alagoas, à época da abordagem.

O coronel alegou ter passado mal, e por isso sua esposa assumiu o volante. A troca de direção feita há poucos metros da blitz e a tentativa do coronel de arrancar com o carro foi o motivo principal para a guarnição ter apontado a arma para o oficial e discutido com Adroaldo Goulart.

A ação imediata pela primeira prisão administrativa dos três policiais militares foi tomada pelo coronel Nerecinor Sarmento Pereira Filho, que comandava interinamente a corporação na ocasião. Como parte da punição imediata, não admitida pela PM, os policiais chegaram a ser transferidos para batalhões do interior do estado. As medidas foram revogadas pelo comandante-geral da PM, coronel Marcos Sampaio. Mas não houve o reingresso dos alvos da punição ao BPRv.