PM não prendeu deputado eleito por não poder alimentar preso por indisciplina

Cabo Bebeto, do PSL, seria preso por abandonar postos, em 2015, em Maceió

Alvo de determinação de prisão disciplinar de cinco dias pelo Comando Geral da Polícia Militar de Alagoas, o deputado estadual eleito Cabo Bebeto (PSL-AL) não cumprirá a medida, porque a corporação não tem previsão legal para liberar verba alimentar para policiais que cumprem prisão administrativa. A informação foi revelada hoje (10) pelo comandante-geral da PM, coronel Marcos Sampaio.

A alternativa de determinar o cumprimento da medida disciplinar em prisão domiciliar também foi descartada pelo comandante da PM. O coronel Sampaio disse à Gazetaweb que o futuro deputado estadual terá como punição o registro de transgressão disciplinar na ficha funcional. A punição é decorrente do abandono de postos e de serviços pelo Cabo Bebeto, sem ordem do superior, em 2015.

O policial militar ingressará na reserva ao tomar posse para seu primeiro mandato, na Assembleia Legislativa de Alagoas, a partir de 2019. No mandato garantido por mais de 30 mil votos, Cabo Bebeto poderá alterar a legislação que o impediu de cumprir a medida disciplinar. Segundo o comandante da PM, a lei não estipula a verba alimentar para os policiais militares que cumprem prisão administrativa.

“Como não dispomos de tal recurso, a prisão fica inviável. Portanto, a punição é o registro da transgressão em sua ficha funcional, conforme entendimento da Diretoria de Pessoal da corporação”, confirmou o comandante, em entrevista à Gazetaweb.

Segundo a decisão da PM, a punição se deu em virtude de o militar ter “abandonado, sem ordem do superior, o posto e o serviço que lhe cumpria executar, sendo estes serviços de Comandante de Guarnição da ROCOM 2 e de permanência ao PM BOX da Pajuçara, respectivamente”.

“No primeiro cenário, precisei me ausentar do local de serviço para me alimentar. Destaco que o turno de serviço ao qual eu estava submetido na ocasião correspondia a 12 horas contínuas em patrulhamento motorizado. Na impossibilidade de almoçar por insuficiência de recursos próprios e sem o suporte do Estado, mediante autorização do superior hierárquico responsável, fiz o deslocamento até minha casa no meu veículo particular e retornei para o trabalho normalmente, permanecendo nas atividades ordinárias até o término do meu turno. No segundo caso, necessitei me ausentar, quando restavam apenas 15 minutos para o fim do meu turno de trabalho, com a finalidade única e exclusiva de prestar socorro a minha esposa que se encontrava em casa e sem o apoio necessário”, explicou o deputado eleito, em nota.

Cabo Bebeto conclui: “Tenho a certeza que deixo uma família de irmãos de farda que continuarão a lutar bravamente contra as agruras da segurança pública em defesa das pessoas de bem, porém incomodados e frustrados com as adversidades jurídicas e institucionais que assolam gravemente nossa classe. E a necessidade de melhoras reais para os profissionais da segurança pública será um grande farol nessa minha nova caminhada na Casa de Tavares Bastos, onde irei seguir lutando com a mesma energia que empreguei no combate à criminalidade. Como diria o velho ditado: ‘O que não nos mata, sempre nos fortalece'”.