Autoridades calam sobre assassinato de pecuarista de Murici, há mais de um ano

Assassino de Cristóvão Rodrigues segue solto, dez meses depois de a polícia anunciar "elucidação"

Um crime hediondo ocorrido há mais de um ano no reduto eleitoral do clã Calheiros segue sem respostas no Estado de Alagoas. Há dois meses, a Polícia Civil afirmou que não havia prazo para concluir o inquérito sobre o assassinato do agropecuarista de Murici (AL), Cristóvão Rodrigues Silva, desaparecido aos 61 anos em 3 de agosto de 2017 e encontrado carbonizado dentro de um carro, em um canavial do Pilar (AL), com o crânio perfurado a bala, em 27 de dezembro do ano passado.

Enquanto a sociedade vai se esquecendo do caso, o mandante do crime não aparece e não há presos, mesmo depois de o caso ter passado por duas comissões especiais de delegados e de a Polícia Civil ter anunciado a elucidação do crime, há quase dez meses.

A primeira comissão foi designada para apurar o caso ainda quando o fazendeiro estava desaparecido, já em agosto de 2017, e era composta pelos delegados Mário Jorge Barros, Guilherme Iusten e Vinicius Ferrari. A outra comissão de delegados que ainda atua no caso é presidida pelo delegado Thiago Prado, que leu o questionamento do Diário do Poder sobre o andamento do inquérito e não respondeu.

O delegado Guilherme Iusten chegou a afirmar o seguinte, em entrevista coletiva concedida no dia seguinte à descoberta do corpo de Cristóvão Rodrigues: “Iremos confrontar os dados novos com os que já temos para pedir a prisão preventiva. Foi de fundamental importância para nós o achado do corpo e do veículo do Cristóvão para que a gente tivesse a certeza da autoria do crime. […] Estamos confrontando os dados que temos para termos a total certeza de quem foi a autoria e de como aconteceu o crime. Mas sabemos que ele foi abordado em Murici após a pesagem de gados”, disse Iusten a jornalistas.

A família e a sociedade alagoana cobram o direito de saber o que aconteceu com Cristóvão Rodrigues, enquanto a Polícia Civil, o Ministério Público Estadual, o Conselho Estadual de Segurança Pública e o Poder Judiciário não dão uma resposta efetiva para contrariar a conclusão de que a impunidade pode prevalecer como característica do Estado de Alagoas e do município de Murici, é reduto eleitoral do governador reeleito Renan Filho e do senador reeleito Renan Calheiros, ambos do MDB.

O Diário do Poder fez contato com as instituições citadas e aguarda seus posicionamentos.