Vereador acusado de pistolagem recebia salário do governo de Alagoas
Suspeito de matar Neguinho Boiadeiro ganhou R$7,8 mil do Estado
O Diário Oficial do Estado de Alagoas revelou, nesta terça-feira (27), que o vereador de Batalha(AL) Alex Sandro Rocha Pinto (PMN) acumulava cargo comissionado na pasta do Planejamento e Gestão do governo de Renan Filho (MDB). O vereador está preso desde a última sexta-feira (23), pela a acusação de participar de um dos maiores crimes de pistolagem da história política de Alagoas, que trucidou seu colega de Legislativo, Adelmo Rodrigues de Melo, o “Neguinho Boiadeiro” (PSD), em novembro, na saída de uma sessão legislativa, no município sertanejo.
Além dos vencimentos como vereador, Sandro Pinto recebia salário mínimo no cargo de assessor técnico intermediário, desde maio de 2017. A relação funcional com o governo de Renan Filho rendeu ao vereador R$ 7.879,19 e foi revelada pela exoneração assinada pelo governador na segunda-feira (26).
As informações sobre os salários do vereador não aparecem na busca pelo seu nome completo, no Portal da Transparência do Governo de Alagoas. E só foram localizadas na busca por órgão, entre os nomes da listados em ordem alfabética no site oficial do Estado.
O Diário do Poder entrou em contato com a assessoria do Governo de Alagoas, pediu explicações sobre a presença de o vereador na folha e foi orientado a telefonar para a assessoria da Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag). Mas não houve retorno para as tentativas de contato.
Veja a comprovação dos salários pagos ao vereador, registrados no Portal da Transparência:
CLIMA DE GUERRA
A morte de Neguinho Boiadeiro instalou um clima de guerra, em Batalha, que assistiu a resgates de familiares rivais da família do vereador, depois que seu filho José Márcio Cavalcante de Melo, o “Baixinho Boiadeiro”, trocou tiros com Zé Emílio Dantas, em uma suposta tentativa de vingar a morte do pai. O alvo de Baixinho é órfão do ex-prefeito Zé Miguel, assassinado em 1999, por “Laércio Boiadeiro”, que foi condenado a 35 anos de prisão.
A família Boiadeiro atribui a autoria intelectual do crime a integrantes da família do presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Luiz Dantas (MDB), que é aliado político de Renan Filho e cobra a elucidação do crime. Segundo os parentes de Neguinho Boiadeiro, o vereador investigava desvios de recursos da Assembleia presidida pelo aliado do governador.
E afirmam que o crime teria ligação com o assassinato de um segundo vereador de Batalha, Tony Carlos Silva de Medeiros, o “Tony Pretinho” (PR), também trucidado por pistoleiros 36 dias depois da morte de Neguinho Boiadeiro, em meio à "ocupação" das forças policiais do Estado de Alagoas, no município sertanejo.
Além do vereador Sandro Pinto, seu sobrinho Rafael Pinto e outro suspeito identificado como Maikel Santos, foram alvos de prisões temporárias na sexta-feira passada. A Polícia Civil ainda não confirma a relação das prisões com a guerra entre as famílias Boiadeiro e Dantas. E pediu a prorrogação do inquérito.
No dia da prisão do vereador Sandro Pinto, o governador Renan Filho disse que esperava a garantia de completa elucidação do crime. E agora precisará elucidar como o acusado foi parar na folha do Estado.