UNESP de Jaboticabal desenvolve vacina contra Mastite Bovina

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O estudo começou há cerca de dois anos e resultou da colaboração entre os Departamentos de Tecnologia e Medicina Veterinária Preventiva e Patologia Veterinária, da FCAV –UNESP.

A invenção da vacina contra a mastite bovina contou com um grupo multidisciplinar que envolveu os seguintes pesquisadores: Dra. Camila Chioda de Almeida (Bióloga), Dr. Lucas José Luduverio Pizauro (Veterinário), Dr. Silas Fernandes Eto (Veterinário), Dra. Daynne Carla Fernandes (Veterinária), João Martins Pizauro Junior, Samir Issa Samara e Fernando Antônio de Ávila, professores da FCAV.

A mastite bovina é uma das principais doenças do gado leiteiro, causando grandes prejuízos econômicos. É caracterizada pela inflamação da glândula mamária, que pode ser de origem infecciosa (contagiosa) ou não (ambiental). Essa enfermidade pode ser dividida, de acordo com sua sintomatologia, em clínica e subclínica. A mastite clinica é caracterizada por sintomas inflamatórios, com alterações no úbere (calor local, inflamação, dor e rubor) além de alterações no leite (mudança de cor, presença de grumos e coágulos de sangue). A mastite subclínica não apresenta sintomatologia visível, porém pode ser detectada pelo teste “California Mastitis Test” ou CMT como é comumente conhecido; além disso, pode ser realizada a contagem de células somáticas (CCS) para sua detecção. Apesar de não ter sintomatologia visível, a mastite subclínica acarreta alterações no leite, diminuindo sua qualidade e queda na produção.

Staphylococcus aureus é um microrganismo intracelular e também pode formar biofilme; estas duas características dificultam o tratamento e a resposta imune do animal. Além disso, o Staphylococcus aureus apresenta a proteína A que possui a capacidade de se ligar aos Fatores complemento (Fc) dos anticorpos IgG de forma ectópica e dificultar a resposta imune. De forma similar, o Streptococcus agalactiae apresenta o fator CAMP, que além de ajudar na invasão intracelular, também se liga as imunoglobulinas dificultado a sua ação. A atual invenção do grupo da FCAV utilizou uma associação dessas duas cepas com um grande número de genes de virulência e técnicas de lise celular, com alterações mínimas em seus epítopos para que os animais conseguissem uma gama maior de alvos imunogênicos. A coleta de anticorpos formados se mostrou eficiente em auxiliar a opsonização e destruição destes microrganismos por macrófagos bovinos ao microscópio. Desta forma, a invenção pode ser usada tanto de forma preventiva (vacinação) quanto no auxílio à terapia do complexo de imunoglobulinas concentradas.

O grupo objetiva novas metodologias para controle e tratamento da mastite, assim como conhecer e classificar os mecanismos virulência dos principais agentes da mastite. Para isso, um trabalho de pós-doutorado Lucas Jose Luduverio Pizauro está em andamento, com participação internacional de pesquisadores da Universidade de Guelph com genômica comparativa de Staphylococcus, com supervisão do pesquisador da FCAV, Dr. Alessandro de Mello Varani, e outro da Dra Camila Chioda de Almeida, que irá testar a abrangência do uso da invenção acerca de outras espécies de Staphyloccocus spp. e vislumbrar ramificações para melhor combater esta enfermidade, sob a supervisão do professor Fernando Antonio de Ávila, também da FCAV e com a colaboração com pesquisadores da Universidade de Guelph, Canadá.

 

Texto: Bruna Ferreira
Foto: Reprodução / Unesp
Fonte: Unesp
Notícia publicada originalmente em www.brasilcti.com.br/pesquisa/unesp-de-jaboticabal-desenvolve-vacina-contra-mastite-bovina/
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