'NÃO FOI A BRASKEM'

Terremoto em Maceió foi leve e causado por ação de temporal em fissuras

Geólogos descartam que extração de sal-gema causou terremoto

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O terremoto que assustou a população maceioense na tarde do último sábado (3) foi medido como de leve intensidade e como resultado da acomodação de terra em camadas profundas abaixo da superfície. Segundo o Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSisUFRN) o tremor de terra em Maceió (AL) teve magnitude preliminar estimada em 2,5 pontos na escala Richter, que vai de 0 a 10.

Muitas teorias sugiram após os tremores, mas a que relaciona o fenômeno à atividade da Braskem de retirada de sal-gema do subsolo já foi descartada por especialistas. Segundo o geólogo Ricardo Queiroz, as características do solo “quebrado” por fissuras verticais, somou-se à ação das águas do temporal que despejou, horas antes, quase metade das chuvas previstas para todo o mês de março em algumas horas, fizeram as camadas de terra se movimentarem e se acomodarem.

O pesquisador é autor de um estudo de 2009, em que o especialista já constatava que a cidade está sobre uma bacia sedimentar com várias camadas depositadas há milhões de anos, que não ficaram estáveis ao longo do tempo. Segundo Queiroz, em uma ação natural, as rachaduras seguem a direção, de Norte para Sul – para cima na direção do Sanatório, para baixo, na direção do Farol/Bebedouro.

“Não há terremoto no Brasil, porque ele está sob uma plataforma estável. O que o tectonismo fez foi com as placas quebrassem e criassem falhas. Ficaram camadas depositadas na nossa bacia sedimentar, em posições diferentes, como verdadeiros blocos. Isso é natural da crosta terrestre”, afirma Ricardo Queiroz, ao site TNH1.

NÃO FOI SAL-GEMA

Ele ainda descarta a possibilidade de o tremor ter relação com a exploração de sal-gema pela Braskem, porque a camada de extração fica situada entre 900 metros e 1.100 metros de profundidade. E o espaço vazio é sempre preenchido por água, ao final da exploração, e segue sendo monitorado.

O geólogo ainda considera que os maceioenses não teriam percebido tremor, se tivesse havido um desmoronamento relacionado às cavernas abertas pela extração de sal-gema. “Não há possibilidade de ter havido desabamento. E nesse caso, várias camadas de terras acima tratariam de fechar e a energia seria dissipada ao longo desses 900 metros”, completou Ricardo Queiroz.

As especulações que tentaram culpar a Braskem pelos tremores foram atribuídas a “físicos e químicos”. Mas foram tratadas por especialistas como tentativas de apavorar a população, eivadas de falhas técnicas, para dar uma credibilidade fictícia e tornar a mensagem mais assustadora e alarmante possível.

A Braskem emitiu a seguinte nota sobre o caso:

 

PRIMEIRO TREMOR EM 2006

O geólogo André Galindo afirma que será necessário realizar perfurações profundas para ter certeza absoluta do fenômeno, que aconteceu pela primeira vez há cerca de 12 anos, na capital alagoana.

“Desde 2006 há tremores de terra registrados em Alagoas e Maceió. Teve também em 2010, 2016 e neste ano. Agora, nesse grau sentido pelos moradores de alguns bairros, é a primeira vez. Pode ser uma acomodação do solo, a cerca de 300 metros de profundidade. Mas é preciso pesquisar, fazer análise geofísica e perfurações profundas”, disse o geólogo, ao G1.

O tremor que atingiu bairros como Farol, Serraria, Bebedouro, Pinheiro, Jatiúca, Cruz das Almas, Feitosa e Mangabeiras e fez a Defesa Civil Nacional ser acionada pela Prefeitura de Maceió.

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