Resgate em La Paz

Senador refugiado depõe em processo sobre fuga da Bolívia

O diplomata Eduardo Saboia enfrenta martírio por conta de sua decisão corajosa

acessibilidade:

O senador boliviano Roger Pinto Molina, 53, que se encontra refugiado no Brasil,  prestará depoimento à Justiça do Brasil pela primeira vez nesta quarta-feira, desde que chegou ao país há duas semanas. Ele será ouvido às 14h30, na 4ª Vara da Justiça, em Brasília. O testemunho faz parte do processo de sua retirada da Bolívia, em 22 de agosto, coordenado pelo encarregado de Negócios do Brasil em La Paz, Eduardo Saboia.

O advogado Ophir Cavalcante Junior, que defende o diplomata Eduardo Saboia, solicitou à Justiça o depoimento de Molina. ?É muito importante ouvi-lo para que ele possa relatar tudo o que viveu nos 15 meses em que ficou na Embaixada do Brasil na Bolívia. O depoimento é fundamental para a defesa do Sr. Saboia?, disse.

Molina ficou 455 dias abrigado na embaixada. Ele foi retirado da Bolívia rumo ao Brasil, em uma operação organizada por Saboia, desencadeando uma crise diplomática. O então chanceler Antonio Patriota foi substituído por Luiz Alberto Figueiredo Machado. Em junho de 2012, o Brasil concedeu asilo diplomático ao senador, mas o governo boliviano não deu o salvo-conduto para ele deixar o país.

No Brasil há 15 dias, Molina é classificado como um ?delinquente comum? pelo governo boliviano. O senador nega as acusações relativas a desvios de recursos públicos e corrupção. No total, são mais de 20 processos.

Na semana passada, esteve em Brasília uma  missão boliviana de alto nível, formada por três ministros integrantes do Ministério Público, que apresentou documentos ao Ministério da Justiça sobre os processos judiciais envolvendo Pinto Molina.

Paralelamente, Saboia é alvo de investigações de uma comissão de sindicância, formada por dois embaixadores e um auditor da Receita Federal. O grupo apura as responsabilidades do diplomata na retirada de Pinto Molina da embaixada. O ex-encarregado de Negócios é acusado de quebra de hierarquia. A defesa nega.

Reportar Erro