Contra as redes sociais

Senador desdenha de pressão popular contra foro especial

Biu de Lira prometeu 'lavado de roupa' a crítico do privilégio

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O senador Benedito de Lira (PP-AL) fez o plenário da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado gargalhar na sessão da manhã desta quarta-feira (30), ao reclamar da pressão popular que tem recebido por meio de mensagens telefônicas, com pedidos para que aprove a PEC do fim do foro privilegiado para autoridades denunciadas pela prática de crimes comuns. Mas apesar da aprovação unânime do relatório da matéria, o senador foi hostilizado por questionar se os críticos não tinham o que fazer.

Alvo da Operação Lava Jato, o popular Biu de Lira comparou a militância das redes sociais a desocupados, quando argumentava sobre a falta de necessidade de pressa para a aprovação do fim dos privilégios para 31 mil autoridades protegidas pela prerrogativa de foro especial, criada em 1969. E prometeu arrumar um lavado de roupa para uma pessoa que insistia em pressioná-lo.

“Um dia desse, olhe, foi tanto telefone… Mensagem: ‘Vote contra essa matéria, vote contra foro privilegiado’. E eu então mandei um recado. Tem um cara de Minas Gerais. O cara fez uma ligação para mim mais de 20 vezes no dia. ‘Vote contra isso. Vote contra a [PEC] 55’. Eu não quis mais saber disso. Eu fiz uma resposta pra eles, ele ou ela: ‘O senhor ou a senhora não tem o que fazer, não? Se não tem o que fazer, vou arranjar um lavado de roupa para você. Espere o momento da discussão e votação da matéria! O que precisamos é definir a matéria, para que a gente possa cuidar da situação desse país, no que diz respeito à situação econômica fiscal. E não essa história de se estar pedindo contra isso, contra aquilo… Isso é terrorismo. Vá procurar o que fazer! Tchau!’. Eu digo, vou responder uma resposta pesada, dura”, disse Biu, sob gargalhadas dos colegas.

Biu defendeu que os senadores deveriam ignorar a pressão popular e fazer a interrupção da tramitação da matéria, para somente retomar os debates em fevereiro de 2017, com a “maturidade” da matéria (longe das pressões populares do momento), como também defende seu conterrâneo e presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL).

Veja como foi:

Reação dura

Biu de Lira foi duramente atacado em comentários nas publicações de seu perfil oficial do Facebook, logo após suas declarações na sessão da CCJ. Muitos internautas lembraram que o foro privilegiado interessa a ele e ao seu filho, o deputado federal e presidente da Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional, Arthur Lira (PP-AL), são alvos da Operação Lava Jato tiveram R$ 4,2 milhões em bens bloqueados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em fevereiro deste ano, em ação decorrente da Operação Lava Jato.

Irreverente, Biu de Lira foi eleito com mais votos que Renan, em 2010, dançando em comícios e com um personagem que contava causos engraçados e xingava Heloísa Helena, no guia eleitoral. Certamente, suas declarações desta quarta-feira servirão para ilustrar campanhas de adversários, caso se confirme sua previsão de candidatura à reeleição em 2018.

E o resultado pode não ser tão engraçado, para seu futuro político, se for considerada a reação no perfil do senador. Veja:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Diário do Poder não conseguiu contato com o senador Benedito de Lira, nem com sua assessoria de imprensa.

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