'FALTA DE PROVAS'

Réu por pistolagem, pai de ministro é absolvido pelo TJ de Alagoas

Deputado estadual ainda é réu em mais dois casos de pistolagem

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Apesar de a sustentação contundente do Ministério Público Estadual ter afirmado que o deputado estadual João Beltrão (PRTB) seria a “maior personificação do crime organizado de Alagoas”, o réu pelo crime de pistolagem ocorrido há 21 anos foi julgado e absolvido por unanimidade dos desembargadores do Tribunal de Justiça de Alagoas, nesta terça-feira (17).

O procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça, disse que está pronto para recorrer e provar que o pai do ministro do Turismo, Marx Beltrão (PMDB-AL), seria mesmo o autor intelectual do homicídio duplamente qualificado do policial José Gonçalves da Silva Filho, o 'Cabo Gonçalves', emboscado e trucidado em 1996, em Maceió-AL.

Em sua dura sustentação oral, o chefe do MP disse que seria a hora de o Estado dar a resposta necessária àqueles que detêm o poder de mando, que se acham intocáveis. Alfredo Gaspar lembrou que a vítima foi alvo de oito atentados e que, dois anos antes de morrer, reuniu a imprensa para acusar João Beltrão de ser o braço político do crime organizado.

“O cabo foi convidado a executar um prefeito de Coruripe, desafeto político do acusado. O militar, porém, negou-se a cometer o crime e passou a ser perseguido, sofrendo oito tentativas de homicídio. Como representante do MP, jamais viria a essa casa, para viabilizar uma condenação se não houvesse provas nos autos" defendeu Alfredo Gaspar, no Pleno. "Estou pronto para recorrer”, disse ao Diário do Poder, após o julgamento.

UNANIMIDADE

Relator concluiu que faltou prova contra Beltrão (Foto: Caio Loureiro/TJ)Não convencido da culpa de João Beltrão, o relator da ação, desembargador João Luiz Azevedo Lessa, concluiu pela ausência de prova da autoria e participação do deputado no crime. E teve seu voto seguido pelos desembargadores Paulo Lima, Elisabeth Carvalho, José Carlos Malta, Pedro Augusto, Klever Loureiro, Fábio Bittencourt, Domingos Neto e pelo juiz convocado Maurílio Ferraz.

A defesa do parlamentar sustentou que a denúncia teria sido uma “invenção” do Ministério Público, “baseada exclusivamente” no depoimento do ex-tenente-coronel Manoel Cavalcante, que chefiou a gangue fardada.

Além do caso do Cabo Gonçalves, o MP diz que também teriam sido assassinados a mando de João Beltrão, as vítimas Pedro Daniel de Oliveira Lins, conhecido como “Pedrinho Arapiraca”, morto no dia 09 de julho de 2001, em Taguatinga-TO; e o bancário Dimas Hollanda, trucidado por pistoleiros em 03 de abril de 1997.

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