Reoneração vai gerar demissões em massa no setor de transporte, diz CNT
Clésio Andrade (CNT) adverte para consequências da reoneração
A reoneração da contribuição previdenciária vai gerar demissão em massa no setor transportador, afirma a Confederação Nacional do Transporte (CNT). A medida deve ser adotada pelo presidente Michel Temer para fechar um rombo de R$ 58,2 bilhões do Orçamento deste ano. A expectativa é que a equipe econômica proponha nesta semana ao presidente a retirada da desoneração da folha de pagamentos para todos os 54 setores beneficiados pelo incentivo tributário.
Em nota divulgada nesta quarta-feira, 29, a CNT ressalta que, no ano passado, o setor de transporte teve que fechar mais de 90 mil postos de trabalho devido à grave crise econômica do país. A retração no PIB do transporte foi de 7,1% em 2016, sendo o pior resultado entre os setores produtivos. Segundo a confederação, a medida ainda vai gerar aumento significativo da inflação, principalmente na área de mobilidade urbana.
Na avaliação do presidente da CNT, Clésio Andrade, “a reoneração penaliza o setor produtivo, que é fundamental para a reativação da economia brasileira”. Ele destaca ainda que o transporte é essencial para qualquer atividade. “Fazemos a movimentação de trabalhadores e transportamos toda a produção do país, desde os insumos aos bens finais.”
Segundo dados do governo, a reoneração da folha para todos os setores tem potencial para elevar em R$ 8 bilhões a previsão de arrecadação e ajudar a diminuir a necessidade de um corte maior das despesas para tapar o rombo do Orçamento.
No entanto, de acordo com a CNT, a medida aumentará significativamente o custo da prestação dos serviços de transporte e impactará o preço dos bens de produção nacional, com reflexo direto sobre a mesa do trabalhador. “Sem o transporte, o Brasil para. Os impactos da reoneração atingirão tanto a área de cargas quanto a de passageiros”, diz Clésio Andrade.