Pela paixão

Renan manda e Hollanda engole ódio para apoiar Ciço

Antonio Hollanda teve que apoiar desafeto após 6 anos de mágoa

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O prefeito e candidato à reeleição Rui Palmeira (PSDB) exonerou mais de 30 servidores comissionados como reação à ida de vereadores ex-aliados para a coligação de seu adversário Cícero Almeida, o Ciço (PMDB). As exonerações atingiram indicados pelos vereadores Sílvio Camelo (PV), Guilherme Soares (PSDB) e Antonio Hollanda (PMDB) e abriram espaço para a aliada Silvânia Barbosa (PRB). Mas o gatilho que acionou a reforma dos cargos dos vereadores foi o ingresso de Antonio Hollanda na campanha de Ciço, quebrando as juras de fidelidade feitas ao tucano e superando mágoa contra o ex-prefeito peemedebista, que lhe impôs um dos maiores contrangimentos da carreira política o ex-presidente da Câmara de Vereadores de Maceió.

Principal líder político de sua família, Antonio Hollanda surpreendeu o prefeito Rui Palmeira após garantir ao tucano e aos colegas vereadores que jamais votaria em Ciço, por causa da atitude deselegante que teve o ex-prefeito do PMDB, ao exonerá-lo sem comunicação prévia do cargo de diretor-geral do PAM Salgadinho, em agosto de 2010.

Não se admite, mas Antonio Holanda foi pressionado pela sua própria família, que já apoiava Ciço, pelo presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB) e pelo governador Renan Filho (PMDB). O fato é que, de repente, a mágoa de Antônio Holanda foi curada e ele convidou o desafeto Cícero Almeida para lançar sua candidatura à reeleição para vereador, na noite de segunda-feira (29) e anunciou nas redes sociais: “Vamos juntos trabalhar pela paixão por Maceió!”.

Há pouco mais de dois meses, o ex-presidente da Câmara de Vereadores de Maceió Antonio Hollanda era apaixonado mesmo era pela fracassada tentativa do PMDB dos Renans em firmar aliança com o PSDB de Rui para a disputa pela Prefeitura de Maceió. E mesmo depois das convenções que escolheu Ciço como candidato majoritário, o vereador peemedebista seguia batendo na mesa do prefeito Rui Palmeira, dizendo não haver chances de apoiar o ex-prefeito que o fez chegar ao PAM Salgadinho para trabalhar, sem saber que havia sido exonerado, há seis anos.

Motivos e consequências

Mas a decisão de Antônio Hollanda é fácil de ser compreendida. Além de ter o filho Antonio Holanda Costa Júnior empregado pelo senador Renan Calheiros, com salário bruto de R$ 18,9 mil no Senado, o ex-aliado de Rui Palmeira tem outro filho, Fernando Hollanda (PMDB), que foi nomeado por Renan Filho como diretor-presidente da Companhia Alagoana de Recursos Humanos e Patrimoniais (Carph), com salário de R$ 5,8 mil.

Ademais, Fernando Hollanda ainda pode chegar a assumir o mandato de deputado federal, caso Cícero Almeida seja eleito e Marx Beltrão (PMDB) também deixe a Câmara Federal para ser ministro, conforme os planos dos Renans. Há outro suplente, Hemerson Casado (PMDB) no caminho de Fernando, mas os Hollanda já se mobilizam junto aos Calheiros para excluir a possibilidade de minar as chances do médico militante do avanço do tratamento para a esclerose lateral amiotrófica (ELA).

Entre os indicados de Antonio Hollanda que perdeu seus cargos, estão gerentes de postos de saúde do Vale do Reginaldo, Clima bom, Frei Damião e Novo Mundo, o que demonstra o prestígio político com que o vereador vinha sendo tratado pelo prefeito Rui Palmeira.

Na manhã desta quarta-feira (31), o Diário do Poder ligou para o celular de Antonio Hollanda. Sua assessoria atendeu e foi questionada se o vereador gostaria de se manifestar sobre a decisão de romper a aliança com o candidato tucano à reeleição para apoiar Ciço. A resposta foi de que Hollanda estaria em reunião e retornaria em seguida. O que não ocorreu até a publicação desta notícia.

Foi estopim

O prefeito Rui Palmeira já previa a movimentação de Sílvio Camelo e Guilherme Soares na direção da candidatura de Cícero Almeida. Mas não tomou a decisão de manter seus indicados nos cargos, para não esticar a corda e ter consequências na obtenção da maioria nas votações em plenário de matérias de interesse do Executivo. Entretanto, teve que incluir cargos indicados pelos vereadores no pacote de exonerações dos apadrinhados de Antonio Hollanda.

No caso de Sílvio Camelo, o vereador já estava inscrito em uma chapa proporcional aliada à candidatura de Cícero Almeida e afirmou ao Diário do Poder que já teria entregue os cargos há uma semana. O vereador nega, mas aliados dos tucanos afirmam que Camelo pressionou o governador para exonerar Flávia Cavalcante do comando do Procon, após seu marido e presidente da Câmara de Vereadores, Kelmann Vieira trocar o PMDB pelo PSDB.

Camelo também nega que estaria insuflando a torcida do CSA contra a decisão de Rui Palmeira de esperar o final da campanha eleitoral para fazer um repasse previsto para o clube de futebol do Mutange.

Apesar de ter ingressado no PSDB e posado para foto anunciando apoio a Rui Palmeira, o vereador Guilherme Soares também perdeu indicação de cargos, porque resolveu lançar seu filho Guilherme Leoncio Soares Fontan na disputa pelo cargo de vereador pelo PSD com nome de urna do pai, na base de apoio ao ex-prefeito Cícero Almeida. O Diário do Poder não conseguiu contato com Guilherme Soares.

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