ABUSO DE PODER

Renan Filho pode ser punido por mensagens eleitorais de fim de ano

Governador não poderia se autopromover em espaço institucional

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As mensagens de fim de ano veiculadas nas emissoras de televisão de Alagoas pelo governador Renan Filho (PMDB) devem ser alvo de ações judiciais nas esferas cível e eleitoral. A interpretação é de que o espaço destinado à propaganda institucional do Governo do Estado de Alagoas foi utilizado para a promoção pessoal e eleitoral do pré-candidato à reeleição, custeada pelo dinheiro dos alagoanos e fora do período reservado à propaganda eleitoral.

Nos vídeos com os pronunciamentos oficiais, Renan Filho aparece com o brasão do Estado e identificado como governador de Alagoas, desejando renovação para seguir junto com os alagoanos; o que leva o eleitor a remeter a mensagem à candidatura à reeleição.

Renan Filho não quis comentar situação abusiva (Reprodução)Renan Filho deve disputar a renovação de seu mandato com o prefeito de Maceió, Rui Palmeira, que preside o PSDB em Alagoas. E o Diário do Poder apurou que o partido tucano discutirá o caso, para avaliar medidas jurídicas.

A legislação proíbe o governador ou qualquer detentor de mandato de bancar suas aparições na TV com dinheiro público, ou usar o cargo para obter tal benesse, a fim de expor sua imagem. Geralmente, os líderes políticos utilizam o espaço dos partidos, para mensagens de cunho mais pessoal e eleitoral, ainda assim correndo riscos de punições da Justiça Eleitoral.

Um especialista em Direito Eleitoral consultado pelo Diário do Poder afirmou que o gestor não pode usar espaço publicitário institucional para autopromoção. E explicou que o desvio de finalidade propaganda institucional, a qualquer tempo, pode demandar tanto ação de improbidade administrativa, pelo não cumprimento do princípio constitucional de impessoalidade, quanto ação eleitoral, pela propaganda antecipada.

“Em tese, seria possível uma representação para a retirada da propaganda [que já saiu do ar]. O que não exclui uma demanda futura por abuso de poder político, por ter usado a propaganda institucional a favor do candidato, e até por conduta vedada aos agentes públicos, para não afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais”, disse o especialista, que pediu para não ser identificado na reportagem.

DILMA FOI MULTADA

Em 2014, o pronunciamento oficial à nação da então presidente Dilma Rousseff, no Dia do Trabalhador, foi um paradigma para que a Justiça Eleitoral desse fim à prática tão comum nos pronunciamentos de prefeitos de capitais, governadores e presidentes. A então presidente foi multada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em R$ 25 mil.

Na ocasião, a ex-presidente cassada foi bem mais explícita ao citar eleitores e adversários. Mas a fala de Renan Filho também passa uma mensagem subliminar eleitoral, ao falar em seguir em frente juntos em 2018, em confiar no trabalho que está sendo feito, e em renovação para seguir com os alagoanos, seguir fazendo certo e reunir ainda mais pessoas no "bom caminho".

Procurado pelo Diário do Poder, o governador Renan Filho respondeu por meio de sua assessoria que não comentaria o fato. E o PSDB não quis falar oficialmente sobre as demandas cíveis e eleitorais.

Veja as inserções da propaganda institucional do Estado que foram veiculadas nas televisões e reproduzidas na página do governador, no Facebook: 

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